O Chamado de Paulo de Tarso
O Chamado de Paulo de Tarso
Na vida de cada um de nós existem acontecimentos que se tornam decisivos e que têm enormes consequências. Foi assim com Paulo na estrada que leva a Damasco: aquele encontro mudou a sua vida e deu um novo rumo à história do cristianismo.
Paulo era judeu, nascido em Tarso (atual Turquia), mas, cresceu em Jerusalém, onde foi educado na mais rígida norma da Lei, com Gamaliel, um dos maiores doutores da Lei do seu tempo. Era um fariseu praticante e cheio de zelo por Deus; foi por este zelo que se tornou perseguidor dos cristãos, e foi para defender a Lei e a honra de Deus que se dirigiu a Damasco, com a intenção de prender todos os cristãos que lá encontrasse (Cfr. At 9,1-19; 22,1-21; 26,4-18). Mas, a estrada que leva a Damasco tornou-se testemunha de uma verdadeira “revolução copernicana”, de um encontro que transformou a sua vida e, a partir dela, a vida de um povo. Jesus o esperava naquela estrada.
Embora o encontro com Cristo tenha mudado radicalmente a sua vida, é mais adequado chamá-lo de vocação e não de conversão, porque a conversão supõe o abandono de um caminho errado ou de uma fé medíocre para aderir a um caminho certo. No caso de Paulo, ele sempre foi fervoroso no zelo por Deus e por sua Lei, mas Jesus o levou a experimentar de maneira plena a salvação anunciada no Antigo Testamento.
A vocação de São Paulo é tão importante para a história do cristianismo que Lucas a narra três vezes nos Atos dos Apóstolos: At 9,1-19; 22,1-21; 26,4-18.
Depois dessa experiência, Paulo se sente conquistado, alcançado por Cristo. Mas, como não se pode anunciar Cristo sem ter tido uma experiência pessoal, profunda e prolongada com Ele, foi necessário que Paulo se retirasse no deserto da Arábia; este foi um tempo privilegiado de contemplação e de apropriação do mistério. No tempo favorável o Senhor o enviou como apóstolo, servo de Cristo, disposto a tudo pelo Evangelho e assim, a sua experiência pessoal se tornará testemunho vivo. Ele coloca Jesus no centro da sua existência. A descoberta da centralidade de Cristo se torna a mola mestra e secreta de sua vida, pois “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14). A sua mística é a da imitação perfeita do Ressuscitado: “sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo” (1Cor 11,1).
A experiência no caminho de Damasco levou Paulo a deixar tudo pela sublimidade do conhecimento de Cristo e do seu mistério de amor, e a consumir-se para anunciá-lo a todos, especialmente aos pagãos. O amor por Cristo o levou a pregar o Evangelho não somente com a palavra, mas com a própria vida, e no final, Paulo anunciou Cristo com o martírio; o seu sangue, junto com o de Pedro e o de tantas outras testemunhas do Evangelho, tornou fecunda a Igreja.
Ao chamado divino Paulo responde com generosidade e sem reservas, como testemunhará na carta aos Filipenses: “Mas o que era para mim lucro eu o tive como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, eu perdi tudo e a tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo” (3,7-8).
Ele assume com todo o seu ser a responsabilidade, o dever e a honra de ser testemunha do Ressuscitado. Anunciar o Ressuscitado e dar esperança ao homem são urgências interpelantes. Paulo entende e nos ensina que negligenciá-las significa trair o homem, defraudá-lo dos bens dos quais ele tem uma necessidade vital e irrenunciável.
Chamado para ser apóstolo de Cristo por vontade de Deus (1Cor 1,1), ele entende e vive toda a sua vida como resposta contínua a esta vontade, que o escolheu como instrumento para levar o seu nome a todos os homens.
Devemos não somente admirar a riqueza da sua vocação, mas com ele aprender a evangelizar “oportuna e inoportunamente” (2Tm 4,2) e pedir a sua intercessão para sabermos enfrentar, com parrésia, os problemas do nosso tempo que dizem respeito ao homem e à sua salvação.
Que ele nos ensine e nos ajude a acolher o infinito amor de Deus, a amá-lo incondicionalmente e, por amor, anunciá-lo não somente com palavras, mas com a nossa vida.
“Depois disto, que nos resta a dizer? Se Deus está conosco, quem estará contra nós? Quem não poupou o seu próprio Filho e o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com ele? (...) Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (...) Mas em tudo isto somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou” (Rm 8,31-37).
Até o próximo domingo, que Deus possa falar em seu coração,
O Senhor te abençoe e te guarde;
O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.
Do seu Amigo e Irmão: Samuel.
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