O
Tanque de Betesda
1 Passadas estas coisas, havia uma festa dos judeus, e Jesus subiu para
Jerusalém.
2 Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em
hebraico Betesda, o qual tem cinco pavilhões.
3 Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos
4 esperando que se movesse a água. Porquanto um anjo descia em certo
tempo, agitando-a; e o primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água,
sarava de qualquer doença que tivesse].
5 Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.
6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo,
perguntou-lhe: Queres ser curado?
7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no
tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
8 Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
9 Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a
andar. E aquele dia era sábado. João 05:01-09
Dizia-se que um anjo
vinha do céu uma vez por ano, movia as águas e o primeiro doente que
mergulhasse, seria curado. Multidões se formaram todos aguardando um milagre. A
administração municipal de Jerusalém resolveu construir um pavilhão para
abrigar tantos enfermos. Edificaram um prédio imponente, com um alpendre de
cinco pavimentos. Devido a essa enorme expectativa, sempre adiada, o lugar foi
denominado, ironicamente, de Betesda que significa "casa de
misericórdia". Conta-se que muitas famílias, para se verem livres dos
doentes, os abandonavam nos alpendres do tanque de Betesda.
Os ricos compravam
escravos para os ajudarem a entrar nas águas. Alguns alugavam as bordas mais
próximas, que possibilitavam melhor acesso, todos queriam o seu milagre e,
lógico, os mais abastados, sagazes e famosos, se sentiam perto da graça. Os
pobres e os doentes graves, os destrambelhados, acabavam no fundão do tanque,
completamente abandonados, alguns jaziam por anos e anos em total mendicância,
em estado era deplorável. Escaras cheiravam mal e piolhos podiam ser vistos a
olho nu nos cabelos de certas mulheres. As pessoas afirmavam que o anjo descia
até o tanque anualmente, mas ninguém sabia a data exata, isso aumentava o
desespero das pessoas que ali aguardavam seu "dia". Para piorar a
situação, levantavam-se (falsos) profetas prevendo o dia preciso em que o anjo
visitaria o local.
É neste contexto que
Jesus encontra este homem, que era conhecido pelo tempo que se encontrava
naquele local, trinta e oito anos, não é falado o seu nome, provavelmente era
pobre, era conhecido pela tragédia da sua vida até mesmo sua identidade se
havia perdido, bem, vivia em uma realidade de abandono.
Jesus foi aos lugares
que ninguém da sua época iria, ele se importava com as pessoas, sem se importar
onde eles estavam, aquele homem, até Jesus chegar, não tinha ninguém que se
importasse com ele, mas Ele mostrou que Deus não havia se esquecido dele. Ele
aproximou-se do paralítico e perguntou: "Você quer ser curado"? O
paralítico, por sua vez, respondeu dentro da lógica que aprendera, sua mente
estava conformada com aquela realidade. A cura não era mais o seu alvo, mas sim
alguém para colocá-lo dentro do poço, a expectativa frustrada por trinta e oito
anos o aprisionou, aquele sistema havia condicionado a sua mente, o 'mover das águas'
era a sua única esperança.
De um só fôlego, Jesus
ordenou: "Levante-se, pegue a sua maca e ande". A passagem de Jesus
pelo tanque de Betesda aconteceu num sábado prioritariamente o dia sagrado para
os judeus, eles se importavam muito com a religião, seus dias sagrados, ritos,
festas, muito mais do que com as pessoas. O problema maior não foi a cura no
sábado, mas o fato de tomar o leito e o carregar, que coisa triste, um homem a
trinta e oito anos preso a uma enfermidade que o impedia de viver, e os
religiosos querendo saber quem o havia curado, não para se alegrar, mas sim
para saber do leito que o ele carregava, pois era sábado. Os religiosos
sobrevivem da ilusão e não têm escrúpulos de gerar falsas expectativas em
pessoas fragilizadas.
A mensagem deixada por
Jesus: "Os milagres que procedem de Deus não premiam quem souber se
mostrar hábil, santo ou rico – Deus não faz acepção de pessoas, nem busca
transformar os espaços religiosos numa corrida desenfreada pela bênção onde só
os mais fortes sobrevivem". O tanque de Betesda é metáfora que lembra a
humanidade que Deus olha graciosamente para os desfavorecido. Representa também
um sistema sócio/religioso que mantém pessoas aprisionadas as suas desgraças,
em um ciclo, esperando que alguma coisa vai acontecer. Muitas igrejas de hoje
fazem uso do sistema demoníaco do tanque de Betesda, Jesus não moveu as águas,
ou seja, não manteve de pé a 'lenda'. O Cristianismo deve, portanto, assumir o
compromisso de continuar visitando os mais pobres, que muitas vezes estão bem
pertinho de nós, só que não os vemos. Precisamos olhar com mais atenção para os
'tanques de Betesda' ao nosso redor. Precisamos anunciar aos mais miseráveis a
melhor de todas as noticias, que não é que um anjo vai mover as águas um dia,
mas Jesus que é o caminho para cura de todos os males e que Deus não se
esqueceu deles.
Não fiquem procurando
milagres onde eles não existem, se Jesus quiser usar um anjo para cura-lo Ele
fará, mais não tenha dúvidas que o véu do templo foi rasgado e que Deus quer
tem um verdadeiro encontro com você.
O Senhor te abençoe e te guarde;
O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e
tenha misericórdia de ti;
O Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a
paz.
Do seu Amigo e Irmão: Samuel.
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