EB - Acerto de Contas
Domingo
30 de Dezembro de 2012
ACERTO DE CONTAS
Quando o Mundo vai acabar?
Ninguém que aqui anda sabe. O que sabemos é que quando uma data é estipulada,
nesse dia o mundo não acabará. Aliás uma das marcas do fim dos tempos é a
presença de falsos (e não de verdadeiros) profetas, os quais tentam prever a hora
e a localização do fim (Mateus 24:23-28). Pode acabar um dia antes, um dia
depois; um ano antes ou um ano depois; um século, um milênio antes ou depois.
Mas nesse dia apregoado com certeza não acabará, porque esse dia não é
conhecido por homens, mas por Deus (Marcos.13:32; Atos.01:06-07). Esse papo de
que o calendário Maia acaba em 21 de dezembro de 2012 nada tem haver com o fim
dos tempos. Talvez um espanhol tenha matado o responsável pela a agenda, ou
mesmo ele tenha se enfadado de fazê-la.
Interessante
é que para fazer a ponte da parábola do servo vigilante, Jesus afirma que uma
pessoa preocupada demais com a vida que vai levar aqui nesse mundo dificilmente
vai pensar na eternidade (v.33-34). E quando não nos lembramos da eternidade,
dificilmente acatamos a recomendação do profeta Amós (Amos 04:12). O Mestre
queria reforçar que a vida é muito mais do que ter as coisas (v.23). E somente
com uma visão na eternidade é que apreendemos esse conceito. Ele não queria
nenhum afixionado no tema, porque isso não produz resultado. Jesus queria
somente que nós estivéssemos prontos para esse acerto de contas. E para tanto
ele conjuga 3 parábolas com o mesmo “fio da meada”, com o mesmo fio condutor: a
parábola do servo vigilante (v.36-38); a parábola do pai de família e do ladrão
(v.39-41); e ainda a parábola do mordomo infiel (v.42-48). Sendo assim, vamos
aos principais ensinamentos dessa parábola.
1) O acerto de contas se dará
numa hora não marcada.
Quem sabe a hora de sua
morte, hora essa em que se dará um acerto de contas com o Senhor? Quem sabe a
hora da “morte do mundo”? Absolutamente ninguém. Interessante que Cristo
reforça esse ensino na parábola entre os versos 36-37. Em que dia o senhor
voltará do casamento? E em qual hora? A ausência da resposta traz a
responsabilidade da prontidão de cada servo daquele senhor. A questão é que
muitos por não saberem a hora e muitos por acharem que essa hora está demorando
demais para acontecer acabam relaxando. Sabem como o Senhor quer encontrar as
coisas, conhecem a vontade dEle, porém postergam o cumprimento desse querer. Ao
invés da prontidão vivem a procrastinação, achando que no último instante dá
para resolver todas as coisas, limpar todos os ambientes daquela casa. Para os
relaxados, os descansados, o acerto de contas vai resultar em vergonha.
Outro
grupo que vai se envergonhar diante do Senhor é o dos embaraçados. A parábola
fala em encontrar os servos cingidos, isto é, tendo o cinto preso na cintura,
junto aos lombos. Esse detalhe da vestimenta oriental é de suma importância
para o que Jesus quer dizer aqui. Toda túnica presa com cinto permitia a pessoa
ter movimentos rápidos. Já uma túnica sem a amarra da cintura… era um convite
ao tropeço, ao se enrolar com a própria roupa. E isso invariavelmente resultava
em queda. Embaraçado então era a pessoa que estava sem cinto. O que Jesus quer
dizer? Que a mobilidade e a leveza fazem parte do Reino de Deus. Que os
tropeços (Mateus 18) não devem ser encontrados no Reino. E toda vez que alguém
se envolve demais com coisas dessa vida acaba tropeçando, se enrolando. Cria
laços e cipós que o prende, quando na verdade o que Deus quer é que você crie
laços no céu, onde as amarras nos libertam.
Cingido
também era o que sempre estava pronto. Tal servo era extremamente vigilante. O
Mestre quer dizer aqui que não é bom que para alguém ficar em estado de
prontidão, receba uma ordem para tal. Seja dessa maneira você alguém que está
pronto sem precisar ouvir qualquer clarinada. Aos que estão prontos tanto faz
se Cristo voltará amanhã ou daqui há 15 anos, ou mesmo 3 milênios. Eles anseiam
pela vinda gloriosa dEle (Apocalipse 22:17,20) e já estão perfilados para
quando isso acontecer seja Servos cingidos também reagem melhor as vicissitudes
da vida. Quando sofre um baque ele enverga, contudo dificilmente quebra ou cai.
Você está cingido? Pronto para a volta do Senhor?
2) Nesse acerto de contas
importará mais o que você faz do que o que você deixou de fazer (v.39-40)
Um dos grandes erros dos
servos do Senhor é concentrar a postura na volta de Cristo, a um niilismo
comportamental. Um bando de gente sem fazer nada de errado. Como se a
contemplação do céu (Atos 01:10-11) fosse uma postura aprovada por Deus… pelo
menos, na cabeça de muitos, não está se fazendo nada errado. É como se por um
erro feito na pior hora do mundo (a volta de Jesus), uma pessoa pudesse perder
a salvação. Nós não somos daqueles que crêem que a salvação é obra de Deus? E
em assim sendo, que não podemos perdê-la? Como então um pecado poderia anular a
Graça e a Cruz de Cristo? Há muitas pessoas que não vivem uma fé em Deus, mas
um medo do retorno do Cristo. Para essas, a volta não será as bodas do
Cordeiro, mas o dia do choro. Acabam tendo o comportamento certo (não a
intenção – vide I Coríntios 04:01-5) ao viverem uma vida neurotizante, mais com
medo do inferno do que com alegria de servir a Deus. Ao invés de procurarem
agradar ao Senhor (I Tessalonicenses 04:01) vivem tentando não desagradá-lo. O
resultado no comportamento pode parecer o mesmo, mas a intenção e a forma como
é alcançado é completamente diferente. Por isso, que tal pensar em ser achado
fazendo algo certo? Mais pronto não é aquele que vive com medo de errar. Mais
pronto é aquele que vive tentando acertar. Deus nos convida a agirmos e a
deixarmos que Ele nos use até o fim. Interessante é que para reforçar esse
contraste, Jesus usa a figura do ladrão. Ele não destaca o erro do ladrão, mas
o fator surpresa que ele tem. E isso funciona como uma advertência para a
prontidão em relação a 2ª vinda de Cristo (I Tessalonicenses 05:02-04; II Pedro
03:10; Apocalipse 03:03; 16:15; Mateus 24:38,39). Prontidão essa que precisa
ser traduzida como serviço ao Mestre.
3) No acerto de contas, o peso
está sobre quem muito é dado (V.48)
Quanto Deus tem investido em
você? O que você tem feito com aquilo que Ele tem lhe dado? Os servos
costumeiramente erram quando, após conhecerem a vontade e o caráter do Senhor,
não cumprem com sua parte (v.47). Alguns chegam a se apropriar daquilo que lhe
foi confiado. E isso gera um sentimento de posse e de independência do Senhor.
Sabe como isso se manifesta? Em lideranças tirânicas dentro de igrejas, por
exemplo. Para você que maltrata os servos do Senhor e que acha que os conservos
são seus, há um duro juízo esperando você (v.46). A palavra no grego para
castigar é a palavra que indica a segunda pior forma de morte naquele tempo:
ser cortado ao meio. Talvez como uma forma de mostrar na morte, no castigo, o
tipo de vida dispare e paradoxal que esse servo tinha: ser do seu Senhor, mas
se conduzindo segundo os parâmetros de outro senhorio. Sim, porque a tirania e
o maltrato pertencem ao Diabo. Por vezes se manifesta também em gente que é
dotada de enorme capacidade para o serviço, mas que se recusa a dedicar os
talentos e dons que recebeu do Espírito na obra do Senhor. A você foi confiado
o sustento dos conservos (v.42). E isso não pode ser adiado. O que você tem
feito com tudo o que o Senhor tem lhe dado? Recursos, estudo… você tem
retribuído a Deus? Muitos esquecem que o Senhor confiou uma tarefa de destaque
que é a de ser mordomo (v.42). Mordomo no grego é oikonomos, aquele que faz as
leis de uma casa ou que vela por essas leis. Alguém como um administrador ou
mesmo a figura de uma governanta (hoje em desuso). Lembra de José na casa de
Potifar ou mesmo no tempo que passou na prisão? Essa é a imagem que Deus quer
passar sobre mordomia. Deus sempre está com os mordomos que se portam com
lealdade e zelo. Como esteve com José no Egito, Ele estará contigo. Isso
aumenta ainda mais o peso. Deus não só é o Senhor que nos confere capacidade
(Filipenses 02:13), mas é aquele que nos acompanha o tempo todo no desempenhar
de nossa mordomia. Tá sentindo um incômodo, um peso sobre os ombros? Seja então
bem-vindo ao âmago da parábola do servo vigilante.
CONCLUSAO
O
mundo não vai acabar em 21/12/2012. Mas pode acabar em 2010, 2350, 5180… Fato é
que a prontidão e vigilância que são as tônicas do ensino de Jesus nessa
parábola não são para o futuro. São para o presente. Prontidão que se propõe a
ficar preparada daqui há um tempo não é prontidão. Vigilância que não leva a
cingir os lombos tampouco é vigilância. Por isso ouse se envolver na obra do
Senhor. Seja um bom mordomo, um bom despenseiro de tudo quanto Ele lhe deu. Que
haja no seu coração uma oração constante dizendo “Deus, torna-me cada vez mais
pronto para a volta do meu Senhor Jesus!”. E que no dia do acerto de contas,
você então ouça do Senhor: bem-aventurado servo bom e fiel (v.43).
[Estudo publicado na revista Palavra e Vida, da Convenção
Batista Fluminense, quarto trimestre de 2010]
Pense Nisso! Porque só
quem pode destruir é o mesmo que criou.
Do seu irmão e
amigo, Samuel;
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do Espírito Santo,
Sejam com todos vós, e todo povo de Deus,
Espalhados sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
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