Escola Bíblica Dominical - Bodas do Cordeiro
Domingo 19 de maio de 2013
AS BODAS DO
CORDEIRO
Ap.19:07 e 19:09.
1
– O QUE SÃO BODAS
A palavra “boda”, em língua
portuguesa, significa “celebração de casamento”. Assim, as bodas são
comemorações de um casamento. Na linguagem popular, a expressão é mais
utilizada para indicar os aniversários da união conjugal, como as conhecidas
“bodas de prata” e “bodas de ouro”, que são, respectivamente, as comemorações
do 25º e do 50º aniversários do casamento de um homem e uma mulher.
A palavra “boda” aparece várias
vezes no texto bíblico, tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento,
significando, sempre, uma festividade, uma celebração de casamento. Assim, por
exemplo, a primeira vez que ela aparece na Bíblia é para indicar a celebração
do casamento de Sansão (Jz.14:12), ocasião em
que, inclusive, ficamos sabendo que o costume israelita era de que as bodas
durassem sete dias, ou seja, uma semana, dado que é elucidativo, porque nos
mostra, precisamente, o período das bodas do Cordeiro, ou seja, sete anos, que
é, precisamente, o período correspondente à última semana de Daniel.
As bodas, portanto, são uma
celebração do casamento, ou seja, o instante em que, de forma festiva,
publicamente se declara a união em uma só carne entre um homem e uma mulher,
quando os nubentes (isto é, aqueles que estão se casando) deixam cada um o seu
lar e decidem formar um novo lar, passar a viver uma vida em comum até que a
morte os separe (cfr. Gn.2:24).
2
– O CASAMENTO COMO SÍMBOLO DA UNIÃO ENTRE DEUS E O SEU POVO
O casamento é, na Bíblia, uma
figura da comunhão que deve existir entre Deus e o Seu povo.
O casamento foi instituído por
Deus para que o homem não estivesse só (Gn.02:18) e, com o pecado, o homem ficou separado de
Deus (Is.59:02), de forma que todo o plano da salvação tem
por finalidade remover o pecado do homem e, assim, fazer com que não exista
mais esta parede de separação (Ef.02:11-18), criando,
para Si, um povo com o qual possa habitar eternamente (Ap.21:03).
Desde cedo, portanto, Deus
demonstrou que o casamento, que também é instituição Sua, era um símbolo, uma
figura do relacionamento que pretende estabelecer com o homem após a remoção do
pecado.
Ao longo da história humana,
Deus sempre deixou claro ao homem que pretendia celebrar com ele pactos,
compromissos solenes com direitos e obrigações, a exemplo do que ocorre com o
casamento.
Com Noé, após o dilúvio, o
Senhor foi taxativo ao afirmar que estava estabelecendo um concerto com a
humanidade de nunca mais destruir a Terra com água (Gn.09:09), tendo, de igual modo, se referido a Abrão
com relação às promessas que havia lhe feito (Gn.15:18).
Formada a nação de Israel, Deus,
também, reafirmou que tinha compromissos com aquele povo que havia escolhido e
formado (Ex.19:5,06).
Foi o próprio Deus quem utilizou
a figura do casamento para indicar o relacionamento que tinha com Israel.
O profeta Oséias é o primeiro a
apresentar esta figura do casamento para retratar o relacionamento entre Deus e
Israel.
Tomando o exemplo trágico do
próprio profeta, Deus mostra ao povo que Israel(no caso, o reino do norte, ou
seja, as dez tribos que haviam se separado da casa de Davi) havia se comportado
como uma mulher adúltera, pois havia rompido o seu relacionamento de comunhão
com o Senhor e passado a adorar outros deuses (em especial, Baal, deus da
fertilidade e cujo significado do nome é, precisamente, “senhor”, “dono” ou
“marido”). Como um marido traído, o Senhor exclama a Seu povo: “ Contendei com
vossa mãe, contendei porque ela não é Minha mulher, e Eu não sou seu marido, e
desvie ela as suas prostituições da sua face e os adultérios de entre os seus
peitos.” (Os.02:02).
Ao dizer que Israel havia
deixado de ser Sua mulher, o Senhor mostrava, claramente, que o casamento era
uma figura, um símbolo do relacionamento que deveria haver entre Deus e o Seu
povo.
O casamento, como vimos,
estabelecia, fundamentalmente, dois princípios básicos no relacionamento entre
o homem e a mulher, a saber:
a) intimidade – o homem e a
mulher, ao se casarem, passam a ter intimidade entre si, ou seja, não há entre
eles qualquer reserva, qualquer segredo, qualquer limitação, tanto que passam a
ser regulares as relações sexuais que mantenham entre si. Isto mostra que, no
relacionamento entre Deus e o Seu povo, não pode haver qualquer reserva,
qualquer resistência por parte do povo de Deus às determinações e orientações
do Senhor. A intimidade faz com que Deus e o Seu povo não sejam dois, mas um
só, ou seja, uma só vontade, um só desejo, um só objetivo.
b) fidelidade – o homem e a
mulher, ao se casarem, passam a ter fidelidade entre si, ou seja, não podem se
relacionar intimamente com ninguém mais a não ser com seu cônjuge. Isto mostra
que, no relacionamento entre Deus e o Seu povo, só pode haver exclusividade, ou
seja, o povo de Deus não pode recorrer a ninguém a não ser ao Senhor, nem
tampouco pode confiar em quem quer que seja, a não ser em Deus.
Este, aliás, era o problema
apresentado por Oséias, como porta-voz do Senhor ao povo do reino do norte.
Israel havia adulterado, havia deixado de confiar e de servir a Deus com
exclusividade e passado a ter “amantes”, a se “prostituir”, na medida em que
passara a adorar a outros deuses, com destaque a Baal. (cfr. Os.02:05-08, 03:01, 05:03, 09:01).
Com relação à Igreja, não foi
diferente. Edificada pelo próprio Cristo como o novo povo de Deus (Mt.16:18), ante a rejeição do Messias por parte de
Israel (Jo.01:12; Rm.11:11,17-19), o casamento é tomado como figura do
relacionamento que há entre Cristo e a Igreja (Ef.05:22-32).
A Igreja é denominada de “a
esposa do Cordeiro” (Ap.21:09, 22:17), a indicar, claramente, que o relacionamento que
havia entre Deus e Israel é, precisamente, o relacionamento que há entre Deus e
a Igreja, na atual dispensação.
Disto não se tem a menor dúvida,
visto que o próprio Jesus denomina a Igreja como sendo “os filhos das bodas” (Mc.02:19), bem como ter, sempre , insistido que as duas
principais características do relacionamento entre o crente e seu Senhor são a
intimidade, isto é, a comunhão (Jo.17:21-24) e a
fidelidade (Mt.07:21-27, 24:13).
Ao chamar o instante da reunião
em glória de Cristo e da Igreja de “bodas do Cordeiro”, portanto, a Bíblia, em
primeiro lugar, está nos fazendo lembrar que somente aqueles que tiverem se
relacionado com Cristo em comunhão e em fidelidade poderão participar deste
evento escatológico. Será que estamos em comunhão com Jesus ? Será que temos
sido fiéis a Ele ? Sem comunhão e sem fidelidade, não é possível que sejamos
considerados como “esposa do Cordeiro”, nem tampouco que Cristo seja nosso
esposo, nosso marido (cfr. Is.54:05).
3
– OS COSTUMES JUDAICOS DO CASAMENTO E AS LIÇÕES ESPIRITUAIS QUE SE TIRAM DELES
Ao chamar de “bodas” ao encontro
de Cristo com a Sua Igreja nas regiões celestiais, as Escrituras, à evidência,
querem nos ensinar algumas características a respeito da natureza deste
encontro e de seu significado, pois tudo que é escrito é escrito para o nosso
ensino (Rm.15:04).
Desta forma, é importante que
saibamos alguns pormenores a respeito dos costumes judaicos que envolviam o
casamento, pois eles são importantes para que aprendamos algumas das lições
espirituais que estão relacionadas com esta figura bíblica do encontro de
Cristo com Sua Igreja e que, por estarem vinculadas a uma situação cultural
distante de nós, podem se perder na atualidade.
Na época da redação do Novo
Testamento, “…o casamento judaico era precedido com antecedência de um mês a um
ano por uma cerimônia de promessa de casamento ou noivado, denominada em
hebraico erusin, ou, mais popularmente, tena’im (que significa, literalmente,
“condições”). Essas tais condições referiam-se aos arranjos pré-matrimoniais
que os pais da noiva e do noivo haviam combinado entre si estabelecendo o nadan
(dote) e também as penalidades para quaisquer quebras de condições do acordo.
Os tena’im davam a ambas as partes tempo suficiente para uma calma
reconsideração antes de dar o passo definitivo do casamento.…” (Nathan AUSUBEL.
Costumes de casamento. In: A JUDAICA. v.5, p.198).
Assim, vemos, claramente, que as
“bodas do Cordeiro”, ou seja, a festividade que significava o casamento em si,
é o ato final de um longo processo, que se iniciava com uma promessa de
casamento, onde eram estabelecidas condições. Assim, as “bodas do Cordeiro”
ocorrem quando se finda o período da Igreja na Terra, assim como as bodas
encerravam todo o processo de casamento entre os judeus.
Antes que houvesse as bodas,
entretanto, havia já a assunção de um compromisso entre as partes, um
compromisso sério sujeito a penalidades. Daí, aliás, porque José tencionou fugir
para não difamar Maria, que com ele já estava comprometida mediante as tena’im
(cfr. Mt.01:18,19).
Assim que alguém aceita a Cristo
como seu Senhor e Salvador, assume um compromisso com Jesus Cristo,
submetendo-se às condições que são estipuladas pela Palavra do Senhor e que tão
bem foram sintetizadas por Pedro na sua pregação no dia de Pentecostes:
“arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo (…). Salvai-vos desta
geração perversa.” (At.2:38,40b). Paulo, também, de uma forma sucinta, resumiu
as condições assumidas por quem deseja “casar-se” com o Senhor Jesus: “
renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente
século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.” (Tt.02:12b,13).
Assim como faziam os judeus na
Antigüidade, o noivo também já apresentou o seu nadan, isto é, o seu dote. Este
dote não é composto de prata ou de ouro, mas o preço dele foi muito mais caro.
Como nos ensina Pedro, “…não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatadas da vossa vã maneira de viver que, por tradição,
recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro imaculado e incontaminado,” (I Pe.01:18,19), que é o
bom preço, mencionado por Paulo (I Co.06:10a,0 7:23a).
Além do dote, também já foram
previstas as penalidades para o caso de descumprimento do compromisso de casamento.
Aqueles que descumprirem as condições estabelecidas, serão vomitados pelo
Senhor (Ap.03:15,16). Em outra passagem, Jesus alerta que
aqueles não cumprirem as Suas palavras, serão dEle apartados (Mt.07:21-27).
Descumprido o compromisso de
casamento, não havia casamento. Se o crente descumprir os compromissos
assumidos diante do Senhor quando da conversão, ou seja, renunciar a si mesmo,
tomar sua cruz e seguir Jesus (Mc.08:34), não “se
casará” com o Senhor, ou seja, não participará das bodas do Cordeiro.
Não é por outro motivo que a
expressão bíblica a respeito da esposa nas bodas do Cordeiro é a de que “a Sua
esposa se aprontou” (Ap.19:07). Somente
aqueles que mantiveram o seu compromisso com o Senhor intacto, que estão em
comunhão e são fiéis a Jesus poderão entrar no gozo do Senhor (Mt.25:21,23).
Mas não é só no compromisso de
casamento que temos uma exata figura do relacionamento entre Cristo e a igreja
nos costumes judaicos.
“…O costume e a etiqueta também
exigiam a troca de presentes entre os noivos. Tornou-se quase obrigatório o
noivo presentear a sua noiva com um sidur (um livro de orações), uma faixa, um
véu, finas travessas para o cabelo, e um anel de noivado de ouro (…). A seu
turno, a noiva dava ao noivo uma Hagadah de Pessach (livro que contém a
narrativa da Páscoa) e um talit (um xale de orações), que ele deveria usar na
sinagoga, pela primeira vez, na manhã seguinte à do casamento. Em séculos mais
recentes, o presente da noiva era, em geral, um relógio de ouro ou prata com
corrente.” (Nathan AUSUBEL. op.cit., p.198).
Há um preço para a vida cristã e
os costumes judaicos relativos ao compromisso de casamento no-lo mostram muito
bem.
O noivo, que é Jesus, presenteia
a Sua noiva, com a intercessão (que é o livro de orações), com vestes brancas,
de que somos revestidos quando somos lavados e remidos no Seu sangue (I Co.06:11; Ap.03:18), além de uma
posição de honra, a posição de filhos de Deus (I Jo.03:01), que é o que representam as finas travessas
para o cabelo e o anel de noivado (cfr. I Co.11:15 e Gn.41:42).
Já a noiva, em gratidão ao
noivo, comemora sempre a morte e ressurreição de seu Senhor na ceia (I Co.11:26), testificando a comunhão que com Ele mantém
(I Co.11:28,29), que é o que é simbolizado pela hagadah
de Pessach, bem como ora ao Senhor sem cessar (I Ts.05:17), para que conserve a santidade e a comunhão
com o seu Senhor, pedindo, mui especialmente, a volta do Senhor (Ap.22:17a), algo que será atendido pelo Senhor por
ocasião do arrebatamento da Igreja.
Com relação às bodas
propriamente ditas, como já salientamos supra, sua duração, nos tempos antigos
entre os israelitas, era de sete dias, como vemos no casamento de Sansão (Jz.14:12), o que é reafirmado por Nathan Ausubel, que,
na passagem que tem sido usada como base para esta reflexão, afirma que era o
“tempo usual das bodas desde a era bíblica” (op.cit., p.199), é outro fator
importante para a figura do casamento.
As Escrituras denominam de
“bodas do Cordeiro” a celebração do “casamento” entre Jesus e a Igreja,
precisamente porque a duração desta celebração será de sete anos, ou seja, uma
“semana” de anos, para aqui nos utilizarmos da expressão profética de Daniel.
O fato de as bodas durarem sete
dias e de a Bíblia chamar de “bodas do Cordeiro” à celebração da união entre
Cristo e a Igreja é mais um fator a demonstrar que a linha de pensamento
pré-tribulacionista é a que mais se coaduna com o texto sagrado.
Se as “bodas do Cordeiro”
durarão sete anos, vemos, com clareza, que sua duração se dará, precisamente,
durante o período da Grande Tribulação, ou seja, enquanto, na Terra, judeus e
gentios estarão sofrendo a “ira de Deus”, “o dia da vingança do nosso Deus”, os
remidos triunfantes, nas regiões celestiais, estarão celebrando a graça de Deus
nas suas vidas e comemorando a plena comunhão que dali para frente existirá
entre eles e o seu Senhor.
Assim, o arrebatamento da Igreja
se dará antes do início da Grande Tribulação.
4
– O QUE SÃO AS BODAS DO CORDEIRO E OS EVENTOS QUE NELAS OCORRERÃO
As bodas do Cordeiro, como
vimos, são a celebração da concretização da comunhão permanente entre Jesus e a
Sua Igreja, comunhão esta que se inicia no exato instante em que os salvos se
encontrarem com o Senhor Jesus nas regiões celestiais, em seguida ao
arrebatamento da Igreja.
Como sabemos, no final da
dispensação da graça, Jesus cumprirá a Sua promessa feita aos discípulos antes
de subir aos céus, onde hoje está à direita de Deus, intercedendo pelo Seu
povo, de voltar para levar Seus servos para onde Ele está, para que eles fiquem
com Jesus para sempre (Jo.14:1-3).
Houve um compromisso de Jesus
com a Sua Igreja, segundo a qual, se a Igreja cumprisse os seus compromissos, o
Senhor também cumpriria o Seu, que é o de voltar para arrebatar a Sua Igreja,
antes que advenha a ira futura do Senhor (I Ts.02:10).
Esta promessa de Cristo é
lembrada toda a vez que a Igreja celebra a morte e ressurreição do seu Senhor,
pois, neste instante, além de dizer que está cumprindo a sua parte no
compromisso, a Igreja lembra que o Senhor breve voltará (I Co.11:26).
O próprio Senhor Jesus fez
questão de, ao dirigir-se aos crentes, nas cartas às igrejas da Ásia, que
representam o período da dispensação da graça, de, em todas elas, relembrar o
compromisso que assumiu perante a Igreja, pois, em todas as cartas, Jesus faz
questão de fazer promessas aos que vencerem, lembrando, assim, que a Igreja
aguarda uma vitória, espera um instante em que há de vencer todas as coisas.
Nestas cartas, ainda, Jesus
renovou Sua promessa de buscar a Sua Igreja para todos os que Lhe eram fiéis,
senão vejamos:
a) para a igreja de Smirna, que, ao lado da de Filadélfia, faz parte do grupo
seleto de igrejas asiáticas contra as quais o Senhor nada tinha, disse que quem
fosse fiel até a morte, receberia a coroa da vida (Ap.02:10 “in fine”).
b) para os crentes fiéis de Tiatira, o Senhor adverte que eles retivessem o que
tinham até a Sua vinda (Ap.02:25).
c) para os crentes fiéis de Sardo, o Senhor prometeu que andariam de branco com
Ele, ou seja, que estariam com Ele (Ap.03:04).
d) para a igreja de Filadélfia, que, ao lado da de Smirna, faz parte do grupo
seleto de igrejas asiáticas contra as quais o Senhor nada tinha, disse que
viria sem demora e que deveria guardar o que tinha para que ninguém tomasse a
sua coroa (Ap.03:11).
Como se não bastasse isso, as
últimas palavras de Jesus registradas no livro sagrado é a renovação de Sua
promessa de vinda para a Sua Igreja: “Certamente cedo venho” (Ap.22:20 “in medio”).
Não há, pois, qualquer dúvida de
que as bodas do Cordeiro representam o cumprimento dos compromissos assumidos
por Jesus e pela Igreja neste período de noivado, que outro não é senão a
dispensação da graça.
Embora já estejamos salvos em
Jesus Cristo, embora já sejamos filhos de Deus e estejamos livres do poder do
pecado e da natureza do pecado, é certo que o nosso processo de salvação ainda
não se completou.
A Bíblia é clara ao afirmar que
o processo de salvação do homem necessita, para se completar, da perfeição, que
somente virá com a glorificação do homem.
Jesus, sendo as primícias dos
santos, bem demonstrou isto, pois, tendo assumido o lugar dos pecadores, morreu
pelos nossos pecados, mas, ao terceiro dia, ressuscitou dentre os mortos, num
corpo glorioso, vencendo a morte e o inferno.
Por isso, o Senhor, ao lembrar da Sua vinda, faz questão de advertir, em cada
carta às igrejas da Ásia, que resta para o crente, ainda, um estágio, que é o
estágio da vitória.
O Senhor diz, sempre, nestas
cartas, “ao que vencer” e, quando ainda estava fisicamente entre os discípulos,
observou que, no mundo, teríamos aflições, mas que deveríamos ter bom ânimo,
porque ele tinha vencido o mundo (Jo.16:33).
Embora sejamos mais do que
vencedores por Aquele que nos amou (Rm.08:37), o fato é que
ainda não sentimos o gosto da vitória, porquanto isto somente poderá ocorrer
quando o que é corruptível se revestir da incorruptibilidade e o que é mortal
se revestir da imortalidade (cfr. I Co.15:54).
As bodas do Cordeiro serão a
celebração da glorificação da Igreja, do instante em que a Igreja será
glorificada, ou seja, no instante em que haverá plena comunhão entre a Igreja e
Jesus.
Hoje, o Senhor, enquanto homem,
está em corpo glorificado, à direita do Pai, no próprio trono do Pai,
aguardando o instante de receber a Sua noiva.
Esta noiva, embora comprometida
com o Senhor, ainda não se encontra glorificada. É composta de homens e
mulheres de toda raça, tribo e nação, que estão divididos em dois grupos:
a) homens e mulheres que já
dormiram no Senhor, cujos corpos corruptíveis se decompuseram ou estão se
decompondo, seguindo a inexorável conseqüência do juízo lançado por Deus sobre
o primeiro casal, por causa do pecado (Gn.03:19), algo que ainda
a salvação não foi capaz de remover, cujas almas e espíritos aguardam a
ressurreição no Paraíso.
b) homens e mulheres que estão
vivos sobre a face da Terra, servindo a Deus, cujos corpos são corruptíveis e
que, se o Senhor demorar a vir, também, certamente, com a morte física, se
decomporão a exemplo do que ocorreu com o outro grupo. Estes, que ainda estão
vivos, têm alma e espírito em comunhão com o Senhor.
Ora, o trabalho de Jesus é
desfazer as obras do diabo (I Jo.03:08b). Faz-se
necessário que o Senhor remova o corpo corruptível da Sua amada noiva, para
que, então, possa haver uma perfeita unidade, uma plena comunhão entre ambos,
pois, como afirmam as Escrituras, o casamento se caracteriza pela unidade, pois
“serão ambos uma só carne”, ou seja, é mister que a Igreja tenha o mesmo corpo
que o Senhor Jesus atualmente tem.
Por isso, para que haja as bodas
do Cordeiro, é preciso, antes, no arrebatamento, que ocorra a glorificação da
Igreja, mediante a ressurreição em corpo glorioso dos que dormiram no Senhor e
a transformação dos que estiverem vivos no instante do arrebatamento, para que
também estes recebam um corpo glorificado (I Co.15:52,53).
Aí, sim, com uma unidade
perfeita, poderão Jesus e Igreja encontrar-se nos ares e iniciar a celebração
desta comunhão que durará para sempre.
A Igreja ainda não se encontra
em estado perfeito, tanto que Jesus tem posto na igreja os dons ministeriais
para que eles contribuam para o aperfeiçoamento dos santos (Ef.04:12). Ora, o que necessita ser aperfeiçoado, ainda
não é perfeito e este estado de perfeição, que é o estado de varões perfeitos,
a estatura de Cristo, a unidade da fé e o conhecimento do Filho de Deus (Ef.04:13), somente será obtido com a glorificação,
quando, então, seremos semelhantes a Cristo e assim como Ele é O veremos (I Jo.03:02b).
Reunida a Igreja, que, então,
como bem afirma o pastor Osmar José da Silva, será, então inaugurada, pois
“igreja” é a “reunião para fora” e só nesta oportunidade é que todos os salvos
estarão reunidos para fora deste mundo de lutas e de pecado, terá início o
primeiro evento das bodas do Cordeiro, que será o Tribunal de Cristo(Rm.14:10; II Co.05:10).
Em seguida ao Tribunal do
Cristo, quando a esposa estiver devidamente aprontada e adornada, seguir-se-á a
ceia das bodas do Cordeiro(Ap.19:09), quando, então,
haverá o primeiro desfrute da plena comunhão, da completa intimidade que há
entre Jesus e a Sua Igreja.
Findas as bodas do Cordeiro,
Jesus, acompanhado de Sua esposa, voltarão a este mundo para, então, salvar
Israel das mãos das duas bestas e da destruição iminente.
Onde serão as bodas do Cordeiro
?
Jesus afirmou aos Seus
discípulos que lhes iria preparar lugar na casa do Seu Pai, pois ali há muitas
moradas (Jo.14:02).
Uma descrição destas permite-nos
identificar o lugar onde a Igreja era reunida como sendo um local que as
Escrituras consideram como sendo a casa de Deus e uma cidade (pois somente uma
cidade tem muitas moradas). Este local outro não é senão a Nova Jerusalém, que
é descrita na Bíblia como sendo “a santa cidade”, “o tabernáculo de Deus com os
homens” (Ap.21:02,03).
Portanto, vemos que a Igreja se
reunirá na Nova Jerusalém.
5
– O TRIBUNAL DE CRISTO
O Tribunal de Cristo é o
primeiro dos eventos das bodas do Cordeiro.
Pode parecer estranho que
incluamos o Tribunal de Cristo nas bodas do Cordeiro, mas não devemos nos
esquecer que, como salientamos acima, as bodas do Cordeiro são a celebração da
vitória da Igreja e têm a duração de sete anos, como as bodas judaicas duravam
sete dias. Deste modo, todo o período de sete anos deve ser considerado como o
das bodas do Cordeiro.
Além do mais, o que, normalmente, é chamado de bodas do Cordeiro, as Escrituras
denominam de ceia das bodas do Cordeiro (Ap.19:09), numa clara
demonstração de que as bodas envolvem mais de um ato, entre os quais um deles é
a ceia.
Reunida a Igreja, será iniciado
o Tribunal de Cristo, pois todos os homens devem ser submetidos a julgamento,
pois assim está ordenado (Hb.09:27).
Naturalmente, que os salvos
arrebatados, se foram arrebatados, não têm pecado, estão em comunhão com o
Senhor e, portanto, não podem sofrer condenação, pois, “ nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo
o Espírito” (Rm.08:01).
No entanto, o fato de não haver
possibilidade de serem condenados não significa que deixaram de ser homens e,
por isso, estão sujeitos ao julgamento do Senhor, que foi constituído juiz dos
vivos e dos mortos (At.10:42), pois Deus não
faz acepção de pessoas (At.10:34) e retribui a
cada um segundo as suas obras (Sl.28:04).
O próprio Senhor deixa claro que o fato de alguém ter vindo para a luz não o
exime da manifestação de suas obras (Jo.03:21).
Dizemos que o primeiro evento
das bodas será o Tribunal de Cristo, porque o próprio Senhor, ao falar sobre o
significado da vida cristã, afirmou que o Filho viria na glória de Seu Pai, com
os Seus anjos e, então, daria a cada um segundo as suas obras (Mt.16:27), ou
seja, a primeira providência que é mencionada no encontro com os salvos, que é
a quem Jesus está Se dirigindo nesta passagem, é o julgamento, não a ceia.
Além do mais, se somos
imitadores de Cristo (I Co.11:01, Ef.05:01), deveremos seguir o mesmo trajeto que o
Senhor, ou seja, passar primeiro pelo juízo e, só, então, alcançar a exaltação
(cfr. Fp.02:05-09; Hb.12:02).
O Tribunal de Cristo é o
julgamento das obras dos salvos enquanto estiveram sobre a face da Terra,
logicamente das obras realizadas após a conversão, pois Deus nunca Se lembra
dos pecados que foram perdoados (Jr.31:34 “in fine”; Hb.08:12; 10:17). Tivesse Deus Se
lembrado dos pecados, não teria arrebatado pessoa alguma, pois não há na Terra
ninguém digno de ser arrebatado, mas todos foram justificados pela fé em Cristo
Jesus (Rm.05:01).
Entretanto, o Senhor é justo e
avaliará o que cada crente fez, por meio do corpo corruptível, na obra do
Senhor, ou bem, ou mal (II Co.05:10).
Quando somos salvos, o Senhor
sempre nos dá algo a fazer, sempre nos concede alguma responsabilidade, a
“nossa cruz”, que devemos tomar e carregar, contribuindo para a edificação da
Igreja do Senhor. Por isso, o apóstolo Paulo nos recomenda que devemos ver como
estamos edificando sobre o fundamento da Igreja, que é o próprio Cristo (I Co.03:10).
O Senhor avaliará se construímos
edifícios de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha. A obra de
cada um de nós, obra esta que nos acompanha na eternidade (Ap.14:13), será manifestada (I Co.03:13), pois estaremos na luz (Jo.03:21) e passará pelo fogo divino, pela aferição
dAquele que nos salvou e nos capacitou para realizarmos esta obra.
As obras que resistirem ao exame
divino, ou seja, as obras que forem de ouro, prata ou pedras preciosas, darão
ensejo aos seus autores ao recebimento de galardão, do justo prêmio, da
recompensa, das coroas que estão prometidas à Igreja do Senhor.
As obras, porém, que não
resistirem ao exame divino, ou seja, as obras que forem de madeira, feno ou
palha, não gerarão qualquer condenação aos seus autores, pois eles estão
salvos, mas eles serão como que “salvos pelo fogo” (I Co.03:15), ou seja, viverão eternamente com o Senhor,
mas sem qualquer galardão, sem qualquer prêmio, exatamente como alguém que se
salva de um incêndio e que, apesar de ter perdido tudo, inclusive as suas
próprias vestimentas ou a sua pele, fica extremamente alegre, porque ainda tem
o maior de todos os dons de Deus: a vida.
A Bíblia fala de alguns
galardões, de algumas coroas que serão dadas aos salvos e o motivo de sua
concessão. Vejamo-los:
a) coroa da justiça (II Tm.04:08) – Esta coroa será dada pelo Senhor a todos
quantos amarem a Sua vinda. Segundo o que Paulo nos diz, quem ama a vinda do
Senhor, combate o bom combate da fé, acaba a carreira e guarda a fé, apesar de
todas as situações e circunstâncias adversas que se lhe apresentem(II Tm.04:07).
b) coroa da vida (Tg.01:12) – Esta coroa será dada pelo Senhor a todos
quantos amarem ao Senhor e forem fiéis até a morte(Ap.02:10). Jesus diz que quem O ama, faz o que Ele
manda (Jo.15:10,14).
c) coroa de glória (I Pe.05:04) – Esta coroa está reservada aos pastores
que apascentarem o rebanho de Deus da forma biblicamente prevista, ou seja, com
cuidado, não por força, voluntariamente, não por torpe ganância, de ânimo
pronto, não como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo
ao rebanho (I Pe.05:02,03).
Somente a Igreja terá o privilégio
de receber galardão do Senhor, pois somente ela participará do Tribunal de
Cristo. Os salvos que se salvarem a partir da dispensação da graça não terão
este privilégio, pois, daqui para a frente, o julgamento será tão somente de
salvação ou condenação, sem que haja qualquer direito a galardão. Por isso, a
Bíblia diz que são bem-aventurados aqueles que participam da ceia das bodas do
Cordeiro (Ap.19:09).
6
– A CEIA DAS BODAS DO CORDEIRO
Após o Tribunal de Cristo, os
crentes terão os seus galardões e a Igreja estará devidamente recompensada pelo
trabalho realizado em prol do Senhor sobre a face da Terra.
Então, sim, teremos a esposa de
Cristo aprontada, que é a condição para que ocorra a ceia das bodas do Cordeiro,
como vemos em Ap.19:09.
Esta é mais uma promessa de
Cristo para a Sua Igreja.
Quando o Senhor instituiu a ceia
do Senhor, típica celebração da Sua Igreja, prometeu que só iria dela
participar novamente quando viesse o reino de Deus, quando o faria na companhia
dos Seus discípulos (Mt.26:29; Mc.14:25 e Lc.22:18).
Jesus é o Alfa e o Ômega, o
princípio e o fim (Ap.01:08 e 21:06), de modo que, assim como celebrou a primeira
ceia, também celebrará a última ceia, que é, precisamente, a ceia das bodas do
Cordeiro.
Esta ceia é necessária porque
representará o cumprimento final da promessa de Cristo para a Sua Igreja, será
a ceia em que o Senhor encerrará, solenemente, a dispensação da graça,
mostrando que foi o autor e o consumador da nossa fé, concretizando a esperança
da Sua Igreja desde o dia em que partiu para consumar a obra que havia sido
estabelecida pelo Pai.
Na Sua oração sacerdotal, Jesus
pediu ao Pai que O glorificasse, assim como havia glorificado o Pai na face da
Terra (Jo.17:1,4) e, uma vez glorificado, agora providencia
para que todos também possuam a mesma glória que, como homem, recebeu do Pai
após ter consumado a obra na cruz do Calvário (Jo.17:23,24).
A ceia das bodas do Cordeiro é a
celebração da perfeita unidade, da perfeita comunhão, da perfeita intimidade
que passará a haver entre o Senhor e o Seu povo, sem qualquer restrição, sem
qualquer limite.
Esta é, verdadeiramente, a
última ceia e não aquela que foi celebrada por Jesus e Seus discípulos
(provavelmente após a saída de Judas Iscariotes do cenáculo), que se encontra,
inclusive, retratada em famoso quadro de Leonardo da Vinci. Aquela não foi a
última ceia, mas, sim, a última páscoa e, em seguida, a primeira ceia.
Jesus celebrou a primeira ceia e
celebrará, vitorioso, a última ceia, que se dará na Nova Jerusalém, como a
concretização da vitória da Igreja.
Assim, estará definitivamente
terminada a missão da Igreja que lhe foi estabelecida durante a sua dispensação,
integrando-se ela, doravante, aos exércitos celestiais, onde servirá ao Senhor
mas em outro patamar, assim como os anjos, como servos e auxiliares do Senhor,
a começar no estabelecimento do reino milenial de Cristo na Terra.
Cremos que a ceia das bodas do Cordeiro seguirá o mesmo roteiro estabelecido
pelo Senhor, com a participação de todos os crentes do corpo e do sangue de
Cristo, simbolizados pelo pão e pelo vinho.
Assim cremos porque Jesus disse
que voltaria a tomar do fruto da vide nesta ceia e, como se trata de uma
celebração simbólica e de uma ordenança do Senhor, não vemos porque não venha a
se reproduzir aqui a mesma celebração que deu início a esta ordenança, há quase
dois mil anos atrás.
Ademais, embora se esteja numa
dimensão celestial e espiritual, não há qualquer obstáculo para que Deus crie
uma circunstância única em que bens materiais possam ser utilizados nesta
cerimônia, a exemplo do que ocorreu com Jesus e Seus discípulos na passagem de Jo.21:12-14.
Nesta ceia, o próprio Senhor nos
servirá, pois assim fez na primeira ceia, como nos relatam os evangelistas.
Além do mais, na Igreja do Senhor, o maior serve os menores (Lc.22:24-27) e Cristo é cabeça da Igreja e, como tal,
será quem nos servirá, como, aliás, disse em Seu ministério terreno (Mt.20:28 e Mc.10:45).
Finda a ceia,
Jesus, na companhia da Sua esposa, voltará para a Terra, a fim de salvar Israel
de destruição iminente no vale do Megido.
Pense nisso!
Do seu Pastor: Samuel José dos Santos Filho
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E com todo povo de Deus espalhados sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
Comentários
Postar um comentário