Escola Bíblica Dominical - Inferno
Domingo 16 de junho de 2013
Inferno
A
concepção popular de inferno é de um lugar de castigo para as "almas
imortais" ímpias direto após a morte, ou o lugar de tormento para aqueles
que são rejeitados no juízo. É nossa convicção que a Bíblia ensina que o
inferno é a sepultura, onde todos os homens vão ao morrer.
Quanto
a palavra em si, o termo original no hebraico "sheol", traduzido como
"inferno", significa "um lugar coberto".
"Inferno" é a versão aportuguesada de "sheol"; assim,
quando nós lemos de "inferno"' não estamos lendo uma palavra que foi
totalmente traduzida. Biblicamente, este "lugar coberto", ou
"inferno", é a sepultura. Existem muitos exemplos onde a palavra
original "sheol" é traduzida como "sepultura". De fato,
algumas versões modernas da Bíblia poucas vezes usam a palavra
"inferno", traduzindo-a mais apropriadamente como
"sepultura". Alguns exemplos de onde esta palavra "sheol" é
traduzida como "sepultura" já fazem cair por terra a concepção
popular de inferno como um lugar de fogo e tormento para os ímpios:-
-
"Deixa que os ímpios...emudeçam na sepultura" (sheol [Sl. 31:17]) - eles não vão gritar em
agonia.
-
"Deus remirá minha alma do poder da morte" (sheol [Sl. 49:15]) - i.e. a "alma" ou
corpo de Davi seriam ressuscitados da sepultura, ou "inferno".
A
crença de que o inferno é um lugar de punição para os ímpios, do qual eles não
podem escapar, simplesmente não se enquadra nisto; um homem justo pode ir ao
inferno (a sepultura) e voltar. Os. 13:14 confirma isto: "Eu os remirei (o
povo de Deus) da violência do inferno (sheol), e os resgatarei da morte".
Isto está citado em 1 Co. 15:55 e aplicado à ressurreição na volta de Cristo.
Da mesma forma na visão da segunda ressurreição (ver Estudo 05.05), "a
morte e o além deram os mortos que nele havia" (Ap. 20:13). Observe o
paralelo entre a morte, i.e. a sepultura, e o inferno (ver também Sl. 06:05).
As
palavras de Ana em 1 Sm. 2:6 são muito claras: "O
Senhor é o que tira a vida, e a dá (através da ressurreição); faz descer à
sepultura (sheol), e faz subir".
Visto
que "inferno" é a sepultura, espera-se que os justos serão salvos
dela através da sua ressurreição para a vida eterna. Assim, é um tanto possível
entrar no "inferno", ou sepultura, e depois sair dele através da
ressurreição. O exemplo supremo é o de Jesus, cuja "alma não foi deixada
na morte, nem a sua carne viu corrupção" (Atos 02:31) porque ele
ressuscitou. Observe o paralelo entre a "alma" de Cristo e a sua
"carne" ou corpo. Que o seu corpo "não foi deixado na
morte" implica que ele esteve lá por um período, i.e. os três dias em que
seu corpo esteve na sepultura. Que Cristo foi ao "inferno" deveria
ser prova suficiente de que lá não é um lugar onde só os ímpios vão.
Tanto
as pessoas boas como as más vão para o "inferno", i.e. a sepultura.
Assim a Jesus, "deram-lhe a sepultura com os ímpios" (Is. 53:09). Alinhado
a isto, existem outros exemplos de homens justos indo ao inferno, i.e. à
sepultura. Jacó disse que ele "desceria até a sepultura (inferno)...com
choro" pelo seu filho José (Gn. 37:35).
É
um princípio de Deus que o castigo pelo pecado é a morte (Rm. 06:23; 08:13;
Tiago 01:15). Anteriormente nós mostramos que a morte é um estado de completa
inconsciência. O pecado resulta em destruição total, não tormento eterno (Mt.
21:41; 22:07; Marcos 12:09; Tiago 04:12), tão certo como as pessoas foram
destruidas pelo Dilúvio (Lucas 17:27,29), e os israelitas morreram no deserto
(1 Co. 10:10). Nestas duas ocasiões os pecadores morreram em
vez de serem atormentados eternamente. Então é impossível que os ímpios sejam
castigados com uma consciência eterna de tormento e sofrimento.
Nós
também vimos que Deus não atribui o pecado - ou o inclui em nosso registro - se
formos ignorantes da Sua palavra (Rm. 05:13). Aqueles que estão nesta posição
vão permanecer mortos. Aqueles que reconhecem os requisitos de Deus vão
ressuscitar e ser julgados na volta de Cristo. Se ímpios, o castigo que vão
receber será a morte, porque este é o julgamento pelo pecado. Assim, antes de
comparecer perante o trono do juízo de Cristo, eles serão punidos e vão morrer
de novo, para permanecer mortos para sempre. Esta será "a segunda morte",
mencionada em Ap. 02:11; 20:06. Estas pessoas terão morrido uma vez, uma morte
de total inconsciência. Eles serão ressuscitados e julgados na volta de Cristo,
e depois punidos com uma segunda morte, a qual, como a sua primeira morte, será
inconsciência total. Esta vai durar para sempre.
É
neste sentido que o castigo do pecado é "eterno", uma vez que não
haverá fim à morte. Permanecer morto para sempre é um castigo eterno. Um
exemplo da Bíblia usando este tipo de expressão encontra-se em Dt. 11:04. Este
texto descreve como eterna a destruição definitiva do exército de Faraó por
Deus no Mar Vermelho, destruição surpreendente pela qual aquele exército nunca
mais causaria problemas a Israel: "Fazendo passar sobre eles as águas do
Mar Vermelho...o Senhor os destruiu até o dia de hoje".
Mesmo
nos primeiros tempos do Velho Testamento os crentes entendiam que haveria uma
ressurreição no último dia, depois da qual os ímpios responsáveis voltariam à
sepultura. Jó 21:30,32 é muito claro: "Os maus...serão trazidos (i.e.
ressuscitados) no dia do furor...Ele é levado (então) à sepultura". Uma
das parábolas sobre a volta de Cristo e o juízo fala do ímpio sendo
"morto" na sua presença (Lucas 19:27). Isto dificilmente se encaixa
na idéia de que o ímpio existe para sempre em um estado de consciência,
recebendo constante tortura. De qualquer forma, este seria um castigo não
aceitável - tortura eterna por coisas feitas em 70 anos. Deus
não tem prazer no castigo dos ímpios; assim, espera-se que Ele não vai infligir
punição sobre eles por toda eternidade (Ez. 18:23,32; 33:11 cf. 2 Pedro 03:09).
A
cristandade apóstata geralmente associa "inferno"' com a idéia de
fogo e tormento. Isto contrasta com o ensino bíblico sobre inferno (a
sepultura). "Como ovelhas são destinados à sepultura (inferno); e a morte
se alimentará deles" (Sl. 49:14) faz supor que a sepultura é um lugar de
esquecimento pacífico. Apesar da alma de Cristo, ou corpo, ter estado no
inferno por três dias, ela não sofreu corrupção (Atos 02:31). Isto seria
impossível se o inferno fosse um lugar de fogo. Ez. 32:26-30 dá um quadro dos
poderosos guerreiros das nações em volta, deitados em paz nas suas sepulturas:
"Os valentes que cairam (na batalha)...os quais desceram ao sepulcro com
as suas armas de guerra, e puseram as suas espadas debaixo das suas
cabeças?...Estes jazem...com os que desceram à cova". Isto se refere ao
costume de enterrar os guerreiros com as suas armas, e descansar a cabeça do
defunto sobre a espada. Entretanto esta é uma descrição do "inferno"
- a sepultura. Estes homens poderosos deitados, parados no inferno (i.e. suas
sepulturas), dificilmente sustentam a idéia de que o inferno seja um lugar de
fogo. As coisas materiais (por exemplo, espadas) vão para o mesmo "inferno"
que as pessoas, mostrando que o inferno não é uma área de tormento espiritual.
Assim Pedro disse a um homem ímpio: "O teu dinheiro seja contigo para
perdição" (Atos 08:20).
O
relato das experiências de Jonas também contradiz isto. Ao ser engolido por um
grande peixe, "Jonas orou ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe.
Disse ele:...clamei ao Senhor...Das profundezas da sepultura gritei"
(Jonas 02:01,02). Isto faz paralelo entre " profundezas do inferno "
e as entranhas do peixe. As entranhas do peixe eram, de fato, um "lugar
coberto", que é o significado fundamental da palavra "sheol",
traduzida como "inferno". Obviamente, não era um lugar de fogo, e
Jonas saiu "das entranhas do inferno" quando o peixe o vomitou. Isto
aponta adiante, para a ressurreição de Cristo do "inferno" (a
sepultura) - ver Mt. 12:40.
Fogo Figurativo
Entretanto,
freqüentemente a Bíblia usa a imagem de fogo eterno para representar a ira de
Deus contra o pecado, que vai resultar em destruição total do pecador na
sepultura. Sodoma foi punida com "fogo eterno" (Judas v. 7), i.e. foi
totalmente destruida devido a impiedade dos seus habitantes. Hoje aquela cidade
está em ruinas, submersa abaixo das águas do Mar Morto; de modo algum está
agora em chamas, o que seria necessário se fôssemos entender "fogo
eterno" literalmente. Da mesma forma Jerusalém foi ameaçada com o fogo
eterno da ira de Deus, devido aos pecados de Israel: "Então acenderei fogo
nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se
apagará" (Jr. 17:27). Sendo Jerusalém a capital profetizada do futuro
reino (Is. 02:02-04; Sl. 48:02), Deus não quer dizer que leiamos isto em
sentido literal. As grandes casas de Jerusalém foram queimadas com fogo (2 Reis
25:09), mas aquele fogo não continua eternamente.
Similarmente,
Deus puniu a terra da Iduméia com fogo que "nem de noite nem de dia se
apagará; para sempre a sua fumaça subirá. De geração em geração será
assolada...O corujão e a coruja o possuirão...Nos seus palácios crescerão
espinhos" (Is. 34:09-15). Visto que os animais e as plantas deviam existir
na terra arruinada da Iduméia, a linguagem de fogo eterno deve se referir à ira
de Deus e Sua destruição total do lugar, em vez de serem tomados literalmente.
As
frases no hebraico e no grego que são traduzidas "para sempre"
significam exatamente "para a época". Algumas vezes isto se refere a
um infinito literal, por exemplo, a era do reino, mas nem sempre. Ez. 32:14,15
é um exemplo: "Os fortes e torres serão cavernas para sempre...até que o
espírito seja derramado sobre nós". Esta é uma forma de entender
"eternidade" ou "fogo eterno".
Houve
vezes em que a ira de Deus com os pecados de Jerusalém e Israel foi comparada
ao fogo: "A minha ira e o meu furor se
derramarão sobre este lugar (Jerusalém)...se acenderá, e não se apagará" (Jr. 07:20; outros exemplos incluem Lm. 04:11 e 2
Reis 22:17).
Fogo
está associado com o julgamento de Deus pelo pecado, especialmente na volta de
Cristo: "Certamente aquele dia vem; arderá
como fornalha. Todos os soberbos e todos os que cometem impiedade, serão como o
restolho, e o dia que está para vir os abrasará" (Ml. 04:01). Quando restolho, ou mesmo um corpo
humano, é queimado pelo fogo, ele volta ao pó. É impossível a qualquer
substância, especialmente carne humana, literalmente queimar para sempre.
Assim, a linguagem do "fogo eterno" não pode se referir literalmente
ao tormento eterno. Um fogo não pode durar para sempre se não há o que queimar.
Deveria ser notado que "inferno" é "lançar no lago de fogo"
(Ap. 20:14). Isto indica que o inferno não é o mesmo que "o lago de
fogo"; mas representa destruição completa. Na maneira simbólica do livro
de Apocalipse, nos é dito que a sepultura deve ser totalmente destruída, porque
ao fim do Milênio não haverá mais morte.
Geena
No
Novo Testamento há duas palavras gregas traduzidas como "inferno".
"Hades" é o equivalente ao "sheol" hebraico, que nós
discutimos anteriormente. "Geena" é o nome do monte de refugo que
ficava fora de Jerusalém, onde se queimava o lixo da cidade. Estes montes de
lixo são típicos em muitas cidades de países em desenvolvimento hoje (por
exemplo, "Smoky Mountain", a Montanha de Fumaça, na periferia
de Manilha, nas Filipinas.) Como um substantivo próprio - i.e. o nome de um
lugar de verdade - ele deveria ter sido deixado sem tradução "Geena",
em vez de ser traduzido como "inferno". "Geena" é o
equivalente aramaico do hebraico "Ge-ben-Hinnon". Este se localizava
perto de Jerusalém (Js. 15:08), e na época de Cristo era o depósito de lixo da
cidade. Corpos de criminosos mortos eram jogados no fogo que estava sempre
queimando ali, de tal modo que Geena tornou-se símbolo de destruição e rejeição
total.
Mais
uma vez deve-se compreender que aquilo que era jogado no fogo não permanecia lá
para sempre - os corpos decompostos em pó. "Nosso Deus (será) um fogo consumidor"
(Hb. 12:29) no dia do julgamento; o fogo da Sua ira com o pecado vai consumir
os pecadores para destruí-los, em vez de deixá-los apenas ser chamuscados por
ele e assim sobreviver. Na época dos julgamentos anteriores do povo de Deus,
Israel, na mão dos babilônios, Geena ficou cheio de corpos mortos dos pecadores
dentre o povo de Deus (Jr. 07:32,33).
Deste
modo magistral, o Senhor Jesus reune todas estas idéias do Velho Testamento no
seu uso da palavra "Geena". Ele geralmente diz que aqueles que eram
rejeitados pelo trono do juízo na sua volta iriam "para Geena (i.e.
"inferno"), para o fogo que nunca se apaga; onde o seu verme não
morre" (Marcos 09:43,44). Geena iria levantar na mente judia as idéias de
rejeição e destruição do corpo, e nós vimos que fogo eterno é uma expressão
idiomática representando a ira de Deus contra o pecado, e a destruição eterna
dos pecadores pela morte.
A
referência "onde o seu verme não morre", é, evidentemente, parte da
mesma expressão de destruição total - é inconcebível que haja literalmente
vermes que nunca morrem. O fato de que Geena era o local dos antigos castigos
dos ímpios entre o povo de Deus, mostra depois a propriedade com que Cristo usa
a figura de Geena.
Pense nisso!
Do seu Pastor: Samuel José dos Santos Filho
A graça do Nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e
consolações do Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E com todo povo de Deus espalhados sobre a
face da terra,
Desde agora e para todo
Sempre,
Amém.
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