Estudos Bíblicos - As Obras e os Decretos de Deus (A Criação)
Domingo
18 de agosto de 2013
As Obras e os Decretos de Deus
A Criação
Por que, como e quando Deus criou o universo?
1.
EXPLICAÇÃO E BASE BÍBLICA
Como Deus criou o mundo? Será que ele criou cada
espécie diferente de planta e animal de modo direto, ou fez uso de uma espécie
de processo evolutivo, guiando o desenvolvimento das coisas vivas a partir das
mais simples para as mais complexas? E quanto tempo Deus levou para produzir a
criação? Será que ela foi completada no espaço de seis dias de 24 horas, ou
Deus serviu-se de milhares ou talvez milhões de anos? Qual é a idade da terra e
qual é a idade da raça humana?
Já enfrentamos essas perguntas quando tratamos da
doutrina da criação. Diferentemente da maior parte do material anterior deste
livro, este capítulo trata de diversas questões sobre as quais os cristãos
evangélicos têm diferentes perspectivas, algumas vezes sustentando-as de
maneira muito forte.
Este capítulo é organizado para tratar dos aspectos
da criação que são mais claramente ensinados na Escritura e sobre os quais a
maioria dos evangélicos concordaria (criação do nada, criação especial de Adão
e Eva e a bondade do universo), movendo-se para outros aspectos da criação a
respeito dos quais os evangélicos têm discordâncias (se Deus usou o processo
evolucionário para realizar boa parte da criação, e qual a idade da terra e da
raça humana).
Podemos definir a doutrina da criação da seguinte
maneira: Deus criou o universo inteiro do nada; ele era originariamente muito
bom; e ele o criou para glorificar a si próprio.
A. Deus criou o universo do nada
1. Evidência bíblica para a criação do nada.
A Bíblia claramente requer que creiamos que Deus
criou o universo do nada. (Algumas vezes a expressão latina ex nihilo ,”do
nada”, é usada; diz-se então que a Bíblia ensina a criação ex nihilo ). Isso
significa que, antes de Deus ter começado a criar o universo, nada mais existia
exceto o próprio Deus.
Essa é a inferência de Gênesis 01:01 que diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra”.A frase
“os céus e a terra” inclui a totalidade do universo, O salmo 33 também nos diz:
“Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e
os corpos celestes, pelo sopro de sua boca [...] Pois ele falou, e tudo se fez;
ele ordenou, e tudo surgiu” (Sl 30:06,09). No NT encontramos uma
afirmação de caráter universal no começo do evangelho de João: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,
nada do que existe teria sido feito” (Jo 01:03). A expressão “todas as
coisas” é mais bem entendida como referindo-se à totalidade do universo (cf.At
17:24; Hb 11:03). Paulo é totalmente explícito em Colossenses 1 quando
especifica todas as partes do universo, tanto as visíveis como as invisíveis: “pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e sobre a
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou
autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele” (Cl 01:16).
Hebreus 11:03 diz: “Pela
fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que
aquilo que se vê não foi feito do que é visível”. Essa tradução reflete
de modo exato o texto grego. Embora o texto não ensine realmente a doutrina da
criação ex nihilo , ele chega próximo de fazer isso, visto que diz que Deus não
criou o universo de nada que é visível. A idéia um tanto estranha de que o
universo poderia ter sido criado de alguma coisa que era invisível
provavelmente não estivesse na mente do autor. Ele está contestando a idéia de
a criação ter vindo de alguma matéria preexistente, e para esse propósito o
versículo é inteiramente claro.
Porque Deus criou a totalidade do universo do nada,
nenhuma matéria no universo é eterna. Tudo o que vemos as montanhas, os
oceanos, as estrelas, a própria terra — veio à existência quando Deus os criou.
Isso nos lembra que Deus governa todo o universo e que nada na criação deve ser
adorado a não ser Deus. Contudo , se negássemos a criação ex nihilo , teríamos
de dizer que algum tipo de matéria já existia e que ela, como Deus, é eterna.
Essa idéia desafiaria a independência e a soberania de Deus, bem como o fato de
que a adoração é devida a ele somente. Se a matéria existisse separada de Deus,
então que direito inerente teria Deus de governá-la e usá-la para a sua glória?
E que confiança poderíamos ter de que cada aspecto do universo cumpre de modo
supremo os propósitos divinos, se algumas partes dele não foram criadas por
Deus?
O lado positivo de que Deus criou o universo ex
nihilo é que esse universo tem significado e propósito. Deus, em sua sabedoria,
criou-o para alguma coisa. Devemos tentar entender esse propósito e usar a
criação de modo que ela se encaixe nesse propósito, a saber, o de trazer glória
ao próprio Deus.' Além disso, sempre que a criação nos traga satisfação (cf. 1
Tm 06:17), devemos agradecer a Deus, que criou todas as coisas.
2. A criação direta de Adão e Eva.
A Bíblia também ensina que Deus criou Adão e Eva de
modo especial e pessoal. “Então o SENHOR Deus formou o
homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se
tornou um ser vivente” (Gn 02:07). Após isso, Deus criou Eva do corpo de
Adão: “Então O SENHOR Deus fez o homem cair em
profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o
lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o SENHOR Deus fez uma
mulher e a levou até ele” (Gn 02:21,22). Ao que parece Deus deixou Adão
saber o que tinha acontecido, pois Adão diz: ”... Esta,
sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher,
porque do homem foi tirada” (Gn 02:23).
Como veremos adiante, os cristãos diferem sobre o
grau em que os desenvolvimentos evolutivos se deram após a criação, talvez (de
acordo com alguns) conduzindo ao desenvolvimento de organismos mais e mais
complexos. Embora haja diferenças sinceras sobre essa matéria entre os cristãos
com respeito aos reinos animal e vegetal, os textos bíblicos são tão explícitos
que seria muito difícil para alguns defender a completa veracidade das
Escrituras e, ainda assim, sustentar que os seres humanos são o resultado de um
longo processo evolutivo. Quando a Escritura diz que o Senhor “formou o homem do pó da terra” (Gn 02:07), isso não
parece significar que ele tenha utilizado um processo que levou milhões de anos
e tenha empregado o acaso no desenvolvimento de milhares de organismos
crescentemente complexos. E ainda mais impossível de conciliar com o pensamento
evolucionista é o fato de que essa narrativa claramente retrata Eva como não
possuindo mãe; ela foi criada diretamente da costela de Adão enquanto este
dormia (Gn 02:21). Mas em uma base puramente evolutiva, isso não seria
possível, pois mesmo o primeiro “ser humano” fêmea teria descendido de alguma
criatura parecida com o ser humano, mas que ainda era animal. O NT reafirma a
historicidade da criação especial de Eva vinda de Adão, quando Paulo diz: “Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do
homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por
causa do homem” (1ª Co 11:08,09).
A criação especial de Adão e Eva mostra que, embora
possamos ser iguais a animais em muitos aspectos de nosso corpo físico, mesmo
assim somos muito diferentes dos animais. Fomos criados “à imagem de Deus”, o
ponto mais alto da criação de Deus, mais parecidos com Deus que com qualquer
outra criatura, designados para governar o restante da criação. Mesmo a
brevidade da narrativa da criação de Gênesis (comparada com a história dos
seres humanos no restante da Bíblia) coloca uma ênfase maravilhosa sobre a
importância do homem em relação ao restante do universo. Ela, assim, resiste às
tendências modernas de ver o homem como destituído de significado em comparação
com a imensidão do universo.
3. A obra do Filho e do Espírito Santo na criação.
Deus Pai foi o agente primário no ato iniciador da
criação. Mas o Filho e o Espírito Santo foram também ativos. O Filho é muitas
vezes descrito como aquele “por intermédio” de quem a criação se deu. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele,nada
do que existe teria sido feito” (Jo 01:03). Paulo diz que “há um só Senhor, Jesus Cristo,por meio de quem vieram todas
as coisas e por meio de quem vivemos” ( lCo 08:06) e ”nele foram criadas todas as coisas” (Cl 01:16).
Essas passagens fornecem o quadro sólido do Filho como agente ativo na execução
dos planos e diretrizes do Pai.
O Espírito Santo estava também em operação na
criação. Ele é geralmente descrito como completando, preenchendo e dando vida à
criação de Deus. Em Gênesis 01:02,”... o Espírito de Deus
se movia sobre a face das águas”, indicando uma função preservadora,
sustentadora e orientadora. Jó diz: “O Espírito de
Deus me fez; o sopro do Todo-poderoso me dá vida” (Jô 33:04). É
importante perceber que em várias passagens do AT a mesma palavra hebraica
(rûach) pode significar, em contextos diferentes, ”espírito”, “sopro” ou
“vento”. Mas em muitos casos não há grande diferença de significado, pois, se
alguém decidisse traduzir alguns termos como o “sopro de Deus” ou mesmo o
“vento de Deus”, ainda pareceria um modo figurado de referir-se à atividade do
Espírito Santo na criação. Assim o salmista, falando da grande variedade de
criaturas na terra e no mar, diz: “Envias o teu
Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra” (Sl 104:30,
RA); observe também, sobre a obra do Espírito Santo, (Jó 26:13; Is 40:13; lCo 02:10).
B.
A criação é distinta de Deus e, todavia, sempre dependente dele.
O ensino da Escritura a respeito da relação entre
Deus e a criação é singular entre as religiões do mundo. A Bíblia ensina que
Deus é distinto de sua criação. Ele não é parte dela, pois foi ele quem a fez e
a governa. O termo frequentemente usado para dizer que Deus é muito maior que
sua criação é a palavra transcendente. De maneira muito simples, isso significa
que Deus está muito “acima” da criação no sentido em que é maior que a criação
e independente dela.
Deus está também muito envolvido com a criação,
pois ela é continuamente dependente dele para existir e funcionar. O termo
técnico usado para falar do envolvimento de Deus com a criação é o termo
imanente, que significa “permanecer em” a criação. O Deus da Bíblia não é uma
divindade abstrata removida da criação e sem interesse nela. A Bíblia é a
história do envolvimento de Deus com sua criação e particularmente com os seres
humanos criados. Jó afirma que mesmo os animais e as plantas dependem de Deus :
“Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de
toda a humanidade” (Jó 12:10). No NT, Paulo afirma que Deus “dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas” e que “nele
vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:25,28). De fato, em Cristo
“tudo subsiste” (Cl 01:17), e ele está continuamente “sustentando todas as
coisas por sua palavra poderosa” (Hb 01:03). Tanto a transcendência como a
imanência de Deus são afirmadas em um simples versículo quando Paulo fala de “um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de
todos e em todos” (Ef 04:06).
O fato de que a criação é distinta de Deus e no
entanto é sempre dependente de Deus e de que Deus está muito acima da criação e
mesmo assim envolvido com ela (em resumo, que Deus é tanto transcendente como
imanente) .
Isso é claramente distinto do materialismo, que é a
filosofia mais comum dos descrentes hoje em dia e que nega igualmente a
existência de Deus. O materialismo diria que o universo material é tudo o que
há.
Os cristãos de hoje que colocam o esforço quase
total de suas vidas no objetivo de ganhar dinheiro e adquirir mais posses
tornam-se materialistas “práticos” em suas atividades, ja que suas vidas não
seriam muito diferentes se eles realmente não cressem em Deus.
A narrativa escriturística da relação entre Deus e
sua criação é também distinta do panteísmo . A palavra grega pan significa
“tudo” ou “cada”, e panteísmo é a idéia de que tudo, o universo total, é Deus
ou é parte de Deus.
O panteísmo nega diversos aspectos essenciais do
caráter de Deus. Se o universo inteiro é Deus, então Deus não possui
personalidade distinta. Deus não é mais imutável, porque, como o universo muda,
Deus também muda. Além disso, Deus não mais é santo, porque o mal no universo
também é parte de Deus. Outra dificuldade é que em última análise a maioria dos
sistemas panteístas ( como o budismo e muitas outras religiões orientais)
acabam negando a importância da personalidade humana individual: como tudo é
Deus, a meta do indivíduo seria mesclar-se com o universo e tornar-se mais e
mais unido a ele, perdendo assim a sua especificidade individual. Se o próprio
Deus não possui identidade pessoal distinta e separada do universo, certamente
não devemos nos esforçar para possuí-la também. Assim, o panteísmo destrói não
somente a identidade pessoal de Deus, mas também, de modo definitivo, a dos
seres humanos.
A narrativa bíblica também destrói o dualismo .
Essa é a idéia de que tanto Deus como o universo material existem eternamente
lado a lado. Assim, há duas forças supremas no universo, Deus e a matéria.
O problema com o dualismo é que ele indica o
conflito eterno entre Deus e os aspectos maus do universo material. Deus
triunfará de modo definitivo sobre o mal no universo? Não podemos estar certos,
porque tanto Deus como o mal certamente existem eternamente lado a lado. Essa
filosofia negaria tanto o senhorio supremo de Deus sobre a criação como também
o fato de que a criação veio a existir por causa da vontade de Deus, que ela
deve ser usada unicamente para seus propósitos e que ela existe para
glorificá-lo. Essa perspectiva também negaria que tudo no universo foi criado
inerentemente bom (Gn 1:31) e encorajaria pessoas a ver a realidade material
como má em si mesma, em contraste com a genuína narrativa bíblica da criação
que Deus fez para ser muito boa e que ele governa para os seus propósitos.
Um exemplo de dualismo na cultura moderna é a
trilogia Guerra nas estrelas, que postula a existência da “força” universal que
tem tanto o lado bom como o mau. Não há o conceito do Deus transcendente e
santo que governa tudo e certamente triunfará sobre tudo. Quando os não-cristãos
hoje começam a ficar conscientes da realidade espiritual no universo, eles
muitas vezes se tornam dualistas, reconhecendo apenas que há aspectos bons e
maus no mundo sobrenatural ou espiritual. O movimento Nova Era é na maior parte
dualista. Naturalmente Satanás está se deliciando por haver pessoas pensando
que existe uma força má no universo que talvez seja igual ao próprio Deus.
A visão cristã da criação é também distinta da
perspectiva do deísmo . O deísmo é a visão de que Deus não está agora
diretamente envolvido com a criação.
O deísmo geralmente sustenta que Deus criou o
universo e é muito maior que ele (Deus é “transcendente”). Alguns deístas
também concordam que Deus tem padrões morais e por fim vai considerar as
pessoas responsáveis no dia do juízo. Mas eles negam o envolvimento atual de
Deus com o mundo, não dando assim espaço algum para sua imanência na ordem
criada. Ao contrário, Deus é visto como o relojoeiro divino que deu corda no
relógio da criação no início, mas depois o deixou funcionar por si próprio.
Ao mesmo tempo em que o deísmo afirma a transcendência
de Deus, ele nega quase toda a história da Bíblia, que é a história do
envolvimento ativo de Deus no mundo. Muitos cristãos nominais ou “mornos” são
de fato deístas práticos, já que vivem longe da oração genuína, adoração, temor
de Deus ou confiança contínua em Deus para que este cuide das necessidades que
surgem.
C.
Deus criou o universo para mostrar a sua glória
Está claro que Deus criou seu povo para a sua
glória, porque ele fala de seus filhos e filhas como aqueles “a quem criei para a minha glória, a quem formei e fiz”
(Is 43:07). Mas não são somente os seres humanos que Deus criou com esse
propósito. Toda a criação foi feita para mostrar a glória de Deus. Mesmo a
criação inanimada, as estrelas, o sol, a luz e o céu testificam da grandeza de
Deus: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento
proclama a obra das suas mãos” (Sl 19:01,02). O cântico da adoração
celestial em Apocalipse 4 conecta a criação de todas as coisas por Deus com o
fato de que ele é digno de receber a glória que elas lhe conferem: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a
honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem
e foram criadas” (Ap 04:11).
O que a criação mostra a respeito de Deus?
Primeiramente ela mostra seu grande poder e sabedoria, muito acima de qualquer
coisa que poderia ser imaginada por qualquer criatura.
“Mas foi Deus quem fez a terra como seu
poder, firmou o mundo com a sua sabedoria e estendeu os céus com o seu
entendimento” (Jr 10:12). O simples olhar para o sol ou para as estrelas
nos convence do infinito poder de Deus. E
mesmo a breve inspeção de qualquer folha de árvore, ou da maravilha da mão
humana, ou de qualquer célula viva nos convence da grande sabedoria de Deus.
Quem poderia fazer tudo isso? Quem poderia fazer isso do nada? Quem poderia
sustentar tudo isso dia após dia por anos sem fim? Tal poder infinito e
capacidade complexa estão completamente além de nossa compreensão. Quando
meditamos nisso, damos glória a Deus.
Quando afirmamos que Deus criou o universo para
mostrar a sua glória, é importante que percebamos que ele não precisava
criá-lo. Não devemos pensar que Deus precisava de mais glória do que ele tinha
dentro da Trindade por toda a eternidade ou que ele estava de alguma forma
incompleto sem a glória que haveria de receber do universo criado. Isso seria
negar a independência de Deus e sugerir que Deus precisava do universo a fim de
ser plenamente Deus. Ao contrário, devemos afirmar que a criação do universo
foi um ato de Deus totalmente livre. Não era um ato necessário, mas foi algo
que Deus escolheu fazer .”Tu, Senhor [...], criaste
todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Ap 04:11).
Deus quis criar o universo para demonstrar sua excelência. A criação mostra sua
grande sabedoria e poder, bem como, de modo supremo, todos os seus outros
atributos. Parece então que Deus criou o universo para se deleitar na criação,
pois, como a criação mostra os vários aspectos do caráter de Deus, ele tem
prazer nela.
Isso explica por que temos prazer espontâneo em
todas as espécies de atividades criadoras que temos. As pessoas com habilidades
artísticas, musicais ou literárias têm prazer em criar coisas e vê-las,
ouvi-las ou ponderar sobre a obra criada. E um dos aspectos encantadores da
humanidade — em contraste com o restante da criação — é a nossa capacidade de
criar coisas novas. Isso também explica por que temos prazer em outras espécies
de atividade “criativas”: muitas pessoas apreciam cozinhar, decorar a casa,
jardinagem, trabalhar com madeira ou outros materiais, produzir invenções
científicas ou inventar novas soluções para problemas de produção industrial.
Mesmo as crianças gostam de colorir quadros ou construir casas de bloquinhos de
plástico. Em todas essas atividades, refletimos em escala menor a atividade
criadora de Deus, por isso devemos ter prazer nela e agradecer a Deus por ela.
Em todas essas atividades, refletimos em escala
menor a atividade criadora de Deus, por isso devemos ter prazer nela e
agradecer a Deus por ela.
D. O universo que Deus criou era “muito bom”
Esse ponto é a sequencia do ponto anterior. Se Deus
criou o universo para mostrar a sua glória, então devemos esperar que o
universo cumpra o propósito para o qual ele o criou. De fato, quando Deus terminou
a sua obra de criação, ele teve prazer nela. No final de cada estágio da
criação, Deus viu que o que ele havia feito era bom (Gn 1:04,10,12,18,21,25).
Então, no final dos seis dias da criação, “...Deus viu
tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Gn 1:31). Deus
teve prazer na criação que ele havia feito exatamente como havia proposto
fazer.
Mesmo havendo pecado no mundo agora, a criação
material é ainda boa à vista de Deus e deveria ser vista como “boa” por nós
também. Esse conhecimento vai nos livrar de um ascetismo falso que vê o uso e o
prazer da criação material como errado. Paulo diz que “...
tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com
ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração”
(lTm 04:4,5).
Embora a ordem criada possa ser usada de modo
pecaminoso e egoísta, desviando nossas afeições de Deus, não devemos deixar o
perigo do abuso da criação de Deus privar-nos de desfrutá-la de modo positivo,
com gratidão e alegria, para o bem do seu Reino. Logo após Paulo ter advertido
contra o desejo de ser rico e do “amor ao dinheiro” (cf. lTm 06:09,10), ele
afirma que é o próprio Deus “que de tudo nos provê
ricamente, para a nossa satisfação” (lTm 06:17). Esse fato incentiva os
cristãos a encorajar o desenvolvimento industrial e tecnológico apropriado
(juntamente com a preocupação ambiental), e a usar de modo alegre e agradecido
todos os produtos da exuberante terra que Deus criou — com a imensa variedade
de comidas, roupa, habitação, assim como dos produtos modernos como automóveis,
aviões, câmeras, telefones e computadores. Todas essas coisas podem ser
superestimadas e usadas indevidamente, mas em si mesmas não são más;
representam o desenvolvimento da boa criação de Deus e devem ser vistas como
belos dons de Deus.
E.
O relacionamento entre a Escritura e as descobertas da ciência moderna.
Em várias ocasiões na história, vemos os cristãos
discordando das opiniões consagradas pela ciência contemporânea. Na grande
maioria dos casos, a fé cristã sincera e a forte confiança na Bíblia conduziram
cientistas à descoberta de novos fatos a respeito do universo de Deus, e essas
descobertas têm mudado a opinião científica em toda a história subseqüente . A
vida de Isaac Newton, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Blaise Pascal, Robert
Boyle, Michael Faraday, James Clerk Maxwell e muitos outros são exemplos disso.
Por outro lado, houve momentos em que a opinião
científica aceita entrou em conflito com o entendimento que as pessoas têm do
que a Bíblia diz. Por exemplo, quando o astrônomo italiano Calileu (1564-1642)
começou a ensinar que a terra não era o centro do universo, mas que a terra e
os outros planetas giravam em torno do sol (seguindo assim as teorias do
astrônomo polonês Copérnico [1472-1543]),ele foi criticado,e seus escritos
acabaram sendo condenados pela Igreja Católica Romana. Isso aconteceu porque
muitas pessoas pensavam que a Bíblia ensinava que o sol girava em torno da
terra. Na verdade a Bíblia não ensina isso de forma nenhuma, mas foi a
astronomia de Copérnico que levou as pessoas a pesquisar novamente a Bíblia
para ver se ela realmente ensinava o que eles pensavam que ela ensinava. As
descrições que a Bíblia apresenta do sol se levantando e do sol se pondo (Ec
1:05) simplesmente pintam eventos da perspectiva do observador humano e, dessa
perspectiva, elas fornecem uma descrição precisa. A lição de Galileu, que foi
forçado a retratar-se em seu ensino e que teve de viver preso em sua casa nos
últimos poucos anos de sua vida, deveria fazer-nos lembrar que a cuidadosa
observação do mundo natural pode levar-nos de volta à Escritura, para
reexaminar se ela realmente ensina o que pensamos que ela ensina. Às vezes, no
exame mais preciso do texto, podemos perceber que a nossa interpretação
anterior estava incorreta.
Na seção seguinte, veremos alguns princípios pelos
quais o relacionamento entre a criação e os descobertos da ciência moderna
podem ser abordados.
1. Quando todos os fatos são entendidos corretamente, não haverá “nenhum conflito final” entre a Escritura e a ciência natural.
A frase “nenhum conflito final” é retirada de um
livro muito útil de Francis Schaeffer, No final conflict [Nenhum conflito
final]. Com respeito às questões relacionadas à criação do universo, Schaeffer
aponta diversas áreas nas quais, em seu modo de ver, há lugar para desacordo
entre cristãos que acreditam na veracidade total das Escrituras. Entre essas
áreas ele inclui a possibilidade de que Deus tenha criado um universo
“crescido”, a possibilidade de um intervalo entre Gênesis 01:01 e 01:02 ou entre
01:02 e 01:03, a possibilidade de um longo dia em Gênesis 01 e a possibilidade
de que o Dilúvio tenha afetado dados geológicos. Schaeffer deixa claro que não
está dizendo que qualquer dessas posições seja sua, mas apenas que elas são
teoricamente possíveis. O ponto mais importante de Scheaffer é que tanto em
nosso entendimento do mundo natural como em nossa compreensão da Escritura, o
conhecimento que possuímos não é perfeito. Mas podemos abordar tanto o estudo
científico como o bíblico com a confiança de que, quando todos os fatos
estiverem corretamente entendidos e quando tivermos entendido a Escritura
corretamente, nossas descobertas nunca entrarão em conflito uma com a outra;
não haverá “nenhum conflito final”. Isto porque Deus, que fala na Escritura, conhece
todos os fatos, e nunca falou de modo que contradissesse qualquer fato
verdadeiro no universo.
2. Algumas teorias a respeito da criação parecem claramente em desacordo com os ensinos da Escritura.
Nesta seção examinaremos três tipos de explicação
da origem do universo que parecem claramente contrários à Escritura.
a. Teorias seculares.
Em nome da idéia de totalidade, mencionamos aqui
somente de maneira breve que quaisquer teorias puramente seculares da origem do
universo seriam inaceitáveis para os que crêem na Escritura. Uma teoria
“secular” é qualquer teoria da origem do universo que não contempla o Deus
infinito-pessoal como responsável por criar o universo com propósito
inteligente. Assim, a teoria do big-bang (em sua versão secular, na qual Deus fica
excluído) ou quaisquer teorias que sustentam que a matéria sempre existiu
seriam contrárias ao ensino da Escritura de que Deus criou o universo do nada,
e que ele o fez para a sua glória. (Quando a evolução darwiniana é interpretada
no sentido totalmente materialista, como muitas vezes é, deveria pertencer a
essa categoria também).
b. Evolucionismo teísta.
Desde a publicação do livro de Darwin, A origem das
espécies por meio de seleção natural (1859), alguns cristãos têm sustentado que
os organismos vivos apareceram pelo processo da evolução que Darwin propôs, mas
que Deus guiou esse processo de forma que o resultado foi exatamente o que ele
queria que fosse. Esse pensamento é chamado evolucionismo teísta porque advoga
a crença em Deus (daí o nome teísta) e também na evolução. Muitos que sustentam
esse evolucionismo teísta proporiam que Deus interveio no processo em alguns
pontos cruciais, normalmente 1) na criação da matéria no início, 2) na criação
da forma mais simples de vida e 3) na criação do homem. Mas com a exceção
possível desses pontos de intervenção, os evolucionistas teístas sustentam que
a evolução seguiu os processos agora descobertos pelos cientistas e que esse
foi o método que Deus decidiu usar ao permitir que todas as outras formas de vida
da terra se desenvolvessem. Eles crêem que a mutação casual das coisas vivas
levou à evolução das formas mais elevadas de vida porque os que possuíam uma
“vantagem de adaptação” (uma mutação que os permitia ser mais bem adaptados
para sobreviver em seu ambiente) viviam, enquanto os outros não.
Um exame dos dados da Escritura revela que a
evolução teísta é contrária à narrativa bíblica da criação. O ensino claro da
Escritura de que há plenitude de propósito na obra da criação de Deus parece
incompatível com a casualidade exigida pela teoria da evolução. Quando a
Escritura registra que Deus disse: “Produza a terra
seres vivos de acordo com as suas espécies: rebanhos domésticos, animais
selvagens e os demais seres vivos da terra, cada um de acordo com a sua espécie”
(Gn 01:24), ela descreve Deus fazendo coisas intencionalmente e com um
propósito para cada coisa que faz. Mas isso é o oposto das mutações permitidas
que acontecem totalmente ao acaso, sem propósito algum nos milhões de mutações
que teriam de acontecer, sob a teoria evolutiva, antes que novas espécies
pudessem emergir.
A diferença fundamental entre a visão bíblica da
criação e o evolucionismo teísta repousa aqui : a força motriz que produz
mudança e o desenvolvimento de novas espécies em todos os esquemas evolutivos é
a casualidade, ou o acaso. Sem a mutação casual dos organismos, não temos
evolução no sentido científico moderno de forma alguma. A mutação ao acaso é a
força subjacente que produzo desenvolvimento eventual das formas mais simples
para as formas mais complexas de vida. Mas a força motriz no desenvolvimento de
novos organismos segundo a Escritura é o desígnio inteligente de Deus . “Deus fez os animais selvagens de acordo com as suas
espécies, os rebanhos domésticos de acordo com as suas espécies, e os demais
seres vivos da terra de acordo com as suas espécies. E Deus viu que ficou bom” (Gn
01:25). Essas afirmações parecem não se harmonizar com a idéia de Deus criando,
dirigindo ou observando milhões de mutações casuais, nenhuma delas sendo “tão
boa” quanto ele planejara, nenhuma delas realmente sendo a espécie de plantas
ou animais que ele queria que houvesse na terra. A visão da evolução teísta tem
de abranger eventos ocorridos mais ou menos assim: “E Deus disse: Produza a
terra criaturas vivas de acordo com as suas espécies. E após 387 492 871
tentativas, Deus finalmente fez um rato que funcionou”.
Essa pode parecer uma explicação estranha, mas é
exatamente o que o evolucionismo teísta deve postular para cada uma das
centenas de milhares de diferentes espécies de plantas e animais sobre a terra:
elas todas teriam se desenvolvido por meio de um processo de mutação casual
durante milhões de anos, aumentando gradualmente em complexidade à medida que a
vasta maioria das mutações eram prejudiciais, mas as mutações ocasionais
tornavam-se vantajosas para a criatura.
O evolucionista teísta pode objetar que Deus
interveio no processo e guiou-o em muitos pontos na direção planejada por ele.
Mas, uma vez que se admita isso, há propósito e desígnio inteligente no
processo — não temos mais qualquer evolução, porque não há mais mutação casual
(nos pontos da interação divina há a produção de resultados).
A evolução teísta também parece incompatível com a
descrição que a Bíblia dá da palavra criadora produzindo uma resposta imediata.
Quando a Bíblia fala a respeito da palavra criadora de Deus, ela enfatiza o
poder dessa palavra e sua capacidade de realizar o propósito divino. “Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os
corpos celestes, pelo sopro de sua boca. [...] Pois ele falou, e tudo se fez;
ele ordenou, e tudo surgiu” (S1 33:06,09).
Essa espécie de afirmação parece que contraria a
idéia de que Deus falou e, após milhões de anos e milhões de mutações casuais
nas coisas vivas, seu poder produziu o resultado que ele exigiu. Antes, tão
logo após Deus ter dito “Cubra-se a terra de
vegetação”, a frase imediata nos garante: ”E assim foi” (Gn 01.11).
O atual papel ativo de Deus em criar ou formar cada
coisa viva que agora vem à existência também é difícil de conciliar com o tipo
de advertência “não se meta” da evolução que é proposto pelo evolucionismo
teísta. Davi foi capaz de confessar: “Tu criaste o
íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe” (S1 139:13). E
Deus disse a Moisés: “Quem deu boca ao homem? Quem o
fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o
SENHOR?” (Ex 04:11). Deus faz o pasto crescer
(SI 104:14; Mt 06:30) e alimenta as aves do céu (Mt
06:26) e as outras criaturas da floresta (Sl
104:21,27-30). Se Deus está tão envolvido produzindo o crescimento e o
desenvolvimento de cada etapa de todo ser vivo até agora, parece de acordo com
a Escritura dizer que essas formas de vida foram originariamente produzidas
pelo processo evolutivo dirigido pela mutação casual e não pela criação direta
e plena de propósito de Deus?
Definitivamente, a criação especial de Adão, bem
como de Eva a partir de Adão, é uma razão forte para romper com o evolucionismo
teísta. Esses evolucionistas teístas que defendem a criação especial de Adão e
Eva por causa das afirmações de Gênesis 01 e0 2 realmente rompem com a teoria
evolucionista no ponto mais importante no que diz respeito aos seres humanos.
Mas se, com base na Escritura, insistimos na intervenção especial de Deus na
questão da criação de Adão e Eva, o que impediria ou permitiria que Deus
interviesse, de modo similar, na criação dos organismos vivos?
Devemos perceber que a criação especial de Adão e
Eva, conforme o registro da Escritura, demonstra que eles eram muito diferentes
das criaturas que os evolucionistas descreveram como os primeiros seres
humanos, criaturas primitivas, com pouquíssimas habilidades, que descenderiam
de criaturas não humanas altamente desenvolvidas, sendo apenas um pouco
superiores a elas. A Escritura descreve o primeiro homem e a primeira mulher,
Adão e Eva, como possuidores de capacidades altamente desenvolvidas: linguísticas,
morais e espirituais, desde o momento em que foram criados. Eles podiam falar
um com o outro. Podiam até falar com Deus. Eram muito diferentes daqueles seres
humanos primitivos mais parecidos com animais, descendentes de criaturas não
humanas parecidas com macacos, da teoria evolucionista.
Parece mais apropriado concluir com as palavras do
geólogo Davis A. Young: “A posição do evolucionismo teísta como expressa por
alguns de seus proponentes não é uma posição coerente com o cristianismo. Não é
uma posição verdadeiramente bíblica, porque ela é baseada em parte em
princípios que são importados para o cristianismo” . Segundo Louis Berkhof, ”é
realmente uma vergonha dizer que Deus é chamado, a intervalos periódicos, a
socorrer a natureza, remediando os abismos vazios que bocejam aos pés dela. A
doutrina da criação não é isso, nem tampouco uma coerente teoria da evolução”.
c. Notas sobre a teoria darwiniana da evolução.
1) Desafios atuais à evolução. A palavra evolução
pode ser usada de diferentes modos. As vezes ela é usada para referir-se à
“micro-evolução” — pequenos desenvolvimentos dentro de uma espécie, de modo que
vemos moscas ou mosquitos tornando-se imunes a inseticidas, ou seres humanos
ficando mais altos, ou cores diferentes e variedades de rosas se desenvolvendo.
Exemplos inumeráveis de tal micro-evolução são evidentes hoje, e ninguém nega
que eles existem. Mas esse não é o sentido em que a palavra evolução é
geralmente usada quando as teorias da criação e evolução são discutidas.
O termo evolução é usado com mais freqüência para
referir-se à macro-evolução — a saber, a “teoria da evolução geral”, ou a
concepção de que “as substâncias sem vida deram surgimento ao primeiro material
vivo, que subseqüentemente reproduziu-se e diversificou-se para produzir todos
os organismos extintos e existentes”. Neste capítulo, quando usamos a palavra
evolução, ela é usada para referir-se à macro-evolução ou à teoria da evolução
geral. Na teoria darwiniana moderna de evolução, a história do desenvolvimento
da vida começou quando uma mistura de elementos químicos presentes na terra
produziu espontaneamente uma forma de vida muito simples, provavelmente unicelular.
Essa célula viva reproduziu-se, e finalmente houve algumas mutações ou
diferenças nas novas células produzidas. Essas mutações levaram ao
desenvolvimento de formas de vida mais complexas. Um ambiente hostil
significava que muitas delas haveriam de perecer, mas as que fossem mais bem
adaptadas ao seu ambiente sobreviveriam e se multiplicariam. Assim, a natureza
exerceu o processo de “seleção natural” no qual os organismos variantes mais
adaptados ao ambiente sobreviveram. Mais e mais mutações finalmente se
desenvolveram em mais e mais variedades de coisas vivas, de modo que, a partir
dos organismos bem mais simples, as formas mais complexas de vida vieram a se
desenvolver, mediante esse processo de mutação e seleção natural.
Desde que Charles Darwin publicou sua obra A origem
das espécies por meio de seleção natural, em 1859, essa teoria tem sido
desafiada tanto por cristãos como por não-cristãos. Críticos modernos estão
promovendo críticas cada vez mais devastadoras à teoria evolucionista,
levantando questões como as que se seguem: Próxima Semana (A Graça
Comum).
Pense nisso!
Do seu Pastor: Samuel José dos Santos Filho
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E com todo povo de Deus espalhados sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
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