Estudo Bíblico - CONDENADO OU PERDOADO- Domingo 08 de Fevereiro de 2015
Domingo
08 de Fevereiro de 2015
CONDENADO OU PERDOADO
“Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é
julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa
instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”. 1 Coríntios 2.15,16
A
agenda dos fóruns está lotada. Diariamente são julgados centenas de casos. Os
crimes variam entre os mais comuns aos mais hediondos. Os réus variam entre
jovens e idosos; mulheres e homens; entre os arrependidos e os que demonstram
prazer no mal que praticaram. Todos estes criminosos se colocam diante de um
juiz e de um corpo de jurados para receber sua sentença. Seu crime é exposto e
os advogados de defesa e acusação apresentam suas argumentações a respeito do
crime cometido. A defesa procura de todas as formas provar a inocência do réu
ou ao menos atenuar a possível pena. O advogado de acusação procura valorizar
cada ato, por mais simples que seja, para fazer com que os jurados e o juiz
possam ficar horrorizados com o acontecido e assim sejam duros no seu
julgamento final. Todas as testemunhas são convidadas a depor e no seu
depoimento são conclamadas a falar a verdade e os advogados tentam extrair
delas tudo o que for possível para condenar ou justificar o réu. No final de
todo esse trabalho o juiz ouve o parecer dos jurados e julga: culpado ou
inocente.
É
possível que haja um crime sendo praticado nesse momento. As estatísticas
trazem um resultado assustador. Mesmo em tempo de paz as mortes continuam a
acontecer. Às vezes morre mais gente em época de paz do que na guerra. As
pessoas se matam constantemente.
Mas
os crimes não são apenas de ordem física. Existem formas de matar uma pessoa
sem tirar a sua vida. Muitos maridos estão sendo feridos mortalmente por suas
esposas com palavras impensadas. Do mesmo modo, muitas mulheres também têm sido
feridas na alma pelas palavras e atitudes de seus maridos. Filhos são
desestimulados por causa da violência da língua. Às vezes uma palavra dita de
forma impensada produz muito mais dor e tristeza do que uma facada ou um tiro
no peito. É por isso que muitas famílias estão se desfacelando diariamente. Os
seus membros não estão se preocupando com o sentimento do próximo e assim ferem
mortalmente aquele a quem prometeram amar e cuidar por toda a vida.
Outro
tipo de crime tem sido cometido e creio que com uma frequência ainda maior. É o
crime do pecado. O pecado é um crime cometido contra Deus. O pecado é a quebra
da lei de Deus. Qualquer atitude que contrarie a vontade de Deus é pecado e,
consequentemente, é um crime.
O
homem começou a cometer esse crime quando ainda eram apenas um casal, morando
no mais belo lugar já habitado pelos homens. Nesse paraíso os nossos pais
cometeram um crime terrível que trouxe conseqüências para eles, para os seus
descendentes e para toda a criação. O crime do homem foi punido por Deus com o
pior dos castigos.
Todo
crime é passível de punição. O que configura um crime é a quebra de uma lei. Se
não houvesse nenhuma lei não haveria crime. Mas as leis existem e a sua quebra
exige punição. O homem foi punido por causa do seu crime. A condenação prevista
era a morte, sendo assim, a punição de Adão e Eva e de toda a raça humana que
peca, como e pior do que Adão, não poderia ser outra a não ser a morte.
A
morte entrou no mundo com o pecado e o homem passou a morrer. O homem que foi
criado para viver eternamente, de repente, começou a morrer fisicamente. Os
cabelos brancos e as rugas; o cansaço e a fraqueza são as marcas dessa
degeneração que leva à morte. Mas a pior morte do homem foi a espiritual. Ele
passou a descrer de Deus, a não entender as suas manifestações, a ser
totalmente ignorante nas coisas espirituais e consequentemente se afastou de
Deus. A condenação do homem afetou sua existência física e espiritual.
A
condenação por causa do pecado trouxe conseqüências imediatas, sendo aplicadas
nessa vida presente, e deixou o homem sob a expectativa de uma nova condenação,
essa eterna, a ser recebida no julgamento final. O homem condenado aqui espera
o julgamento final, que vai ratificar a condenação terrena ou vai liberá-lo da
condenação eterna. Os pecadores condenados nunca mais terão outra oportunidade
de mudar a sentença. Os pecadores perdoadas viverão ao lado de Cristo por toda
a eternidade.
No
julgamento terreno o réu se livra da pena com álibis que comprovem sua
inocência ou com a apresentação do verdadeiro culpado. No caso do julgamento
divino, como se livrar da condenação eterna? Se todos são pecadores e
conscientes de que merecem todo o castigo por terem quebrado a lei de Deus por
livre vontade, como esperar alguma misericórdia? Será que existe alguma chance
para os pecadores?
É
esse o nosso tema: A MISERICÓRDIA DE DEUS NOS GARANTE
O PERDÃO.
Perdoar
é justificar. Justificar é absolver da culpa. É declarar que o culpado não é
mais culpado. É fazer do culpado um inocente declarando-o justo. É dizer que o
condenado não mais sofrerá sua merecida pena porque sua culpa foi retirada. O
condenado, após a justificação, se torna um liberto como qualquer outro, sem
nada que conste contra a sua moral. Sua culpa foi retirada e não há mais nada
que o condene.
A
Bíblia ensina que o crente foi justificado por Jesus Cristo. Com sua morte ele
tomou o lugar e a culpa dos pecadores. Ele sofreu o castigo no lugar dos
pecadores que desejou salvar. Isso nos leva a crer que no momento do juiz
(Jesus) bater o martelo os pecadores perdoados não serão declarados culpados e
condenados ao sofrimento eterno, pelo contrário, ele dirá que estamos limpos
como a neve. Puros como se nunca tivéssemos pecado contra ele. E por causa
dessa justificação nós seremos inseridos nos céus para lá vivermos por toda a
eternidade.
A
justificação, que garante a liberdade, não é produzida por qualquer ato de
obediência ou por méritos humanos. A misericórdia de Deus é que garantirá aos
pecadores perdoados a certeza de poder entrar no seu santo repouso. A
misericórdia de Deus permitirá que homens pecadores e merecedores de todo o
castigo previsto em sua lei possam habitar com ele nos céus.
O
versículo base de nosso estudo levantou o tema e ele mesmo nos dá a
argumentação necessária para entendermos essas questões. A primeira delas é queQUEM FOI PERDOADO POR CRISTO NÃO
PODE SER CONDENADO POR HOMENS. O versículo disse: “Porém
o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por
ninguém”.
Os
meios de comunicação vez por outra anunciam algum crime provocado por alguém
que buscou fazer justiça com as próprias mãos. A justiça de nosso país é
lentíssima. Os processos se arrastam por anos e quando o criminoso chega a ser
julgado ninguém lembra mais do crime cometido. Por causa dessa lentidão e
muitas vezes por causa da impunidade e falhas na aplicação da justiça é que
aparecem os conhecidos justiceiros. Eles são homens que não acreditam na
justiça e por conta disto promovem o que para eles é a justiça.
Os
justiceiros cerceiam a liberdade da pessoa que cometeu algum tipo de delito,
transporta-o para um lugar deserto e ali o espanca, maltrata e depois de muita
violência o mata. Isso aconteceu no Rio de Janeiro a poucos meses. Policiais
levaram um grupo de jovens infratores para o mato e ali os executaram. Também
há poucos dias um homem, funcionário público, atirou em sua mulher e num
professor universitário, matando-o e deixando sua mulher gravemente ferida, por
desconfiar que os dois estavam tendo um caso amoroso.
A
questão a ser discutida é: Quem tem autoridade para julgar. Quem é que pode
dizer se uma pessoa é culpada ou inocente. Quem é que pode aplicar um castigo
sobre uma pessoa culpada. Vimos diariamente policiais abusarem de sua
autoridade espancando, maltratando e envergonhando pessoas nas ruas por
julgá-las culpadas. Esse não é seu papel. O papel da polícia é recolher os
suspeitos e uma vez tendo certeza de sua culpa devem entregá-los para que a
justiça aplique a pena que lhes cabe. Qualquer ato de violência aplicado pela
polícia ou por quem quer que seja, sobre uma pessoa que ainda não foi julgada
pela autoridade competente, é crime.
Se
as pessoas não aceitarem a autoridade do juiz elas não darão ouvidos ao seu
julgamento e mesmo que o juiz tenha declaro alguém inocente eles farão a sua
própria justiça sobre o inocentado, fazendo-o culpado. Eles aplicarão a pena
que o juiz não aplicou. Nesse caso o justiceiro toma para si a autoridade que
compete ao juiz.
A
Bíblia cita um caso claro de justiceiros. Os judeus pegaram uma mulher que
estava se prostituindo e a trouxeram até Jesus. Eles já a haviam condenado,
pois todos já estavam com pedras nas mãos para apedrejá-la, mas esperavam que
Jesus ratificasse sua decisão. Eles não trouxeram os dois adúlteros para serem
julgados. Julgaram que só a mulher era culpada, como se adultério pudesse ser
cometido apenas por uma pessoa. Jesus mostrou que eles não tinham autoridade
para condená-la e muito menos caráter impoluto para exigir qualquer tipo de
punição do pecado alheio. Os algozes daquela mulher acabaram justificando-a nos
seus próprios pecados. Eles não a perdoaram por ela não ser culpada. Eles não a
condenaram por serem todos eles culpados como ela.
O
pecador não deve ser justificado por que todos somos pecadores. Se assim
julgássemos ninguém nunca seria condenado, pois todos cometemos algum tipo de
delito em algum tempo de nossa vida. Se pensássemos assim diríamos que o pecado
de um justifica o pecado de outro e a realidade não é assim. Todo pecado é crime
contra Deus e deve ser tratado com a aplicação das penas instituídas por Deus e
não passando as mãos na cabeça do culpado para esconder o próprio erro.
O
pecado tem de ser punido porque ele ofende a Deus, assim como o crime tem de
ser punido porque o criminoso desobedeceu a uma lei instituída. Até mesmo as
autoridades instituídas, de algum modo, são culpadas. Elas não podem deixar de
julgar simplesmente por que um dia foram culpadas de algum delito. Elas devem
julgar e condenar o culpado por que o culpado se condenou ao quebrar uma lei
instituída para o país. Se o juiz é réu ele também deve ser julgado e condenado
se for o caso.
Deus
perdoa o pecador. Ele perdoa alguns tipos de criminosos e pecadores que
qualquer um de nós os mandaria imediatamente para a forca. Deus perdoa pessoas
que cometeram os piores tipos de crimes e pecados e os faz tão puros como o
branco mais branco. O sangue de Jesus, vertido na cruz, é capaz de purificar
qualquer pecador, por pior que seja o seu pecado aos nossos olhos. E se Deus
decidiu perdoar, quem somos nós para condenar uma pessoa dessas?
Zaqueu
é um caso típico da justificação divina. Ele foi justificado por Jesus e
ninguém mais poderia condená-lo. Ele era um homem desonesto e odiado por seus
compatriotas. Ele roubava ao coletar os impostos instituídos por Roma. Mas um
dia Jesus foi ao seu encontro e se convidou para jantar em sua casa. Os
seguidores de Jesus e a multidão se escandalizaram disso. Eles não podiam
aceitar que uma pessoa como Jesus pudesse se assentar à mesa com um homem
pecador como aquele. Zaqueu não chamou Jesus para ir à sua casa. O convite foi
feito por Jesus. Jesus queria que aquele pecador se tornasse um justo. Ele não
estava preocupado com a sua vida pecaminosa do passado. Não se importou com os
crimes cometidos no passado. Jesus não se preocupou em saber quem era Zaqueu e
o que ele havia feito, mas em quem ele se tornaria após esse encontro.
Jesus
quis justificar o pecador Zaqueu e tratá-lo com qualquer outro homem honrado da
sociedade. Quem naquela multidão poderia recriminar a atitude de Cristo ou
mesmo condenar as atitudes de Zaqueu? A partir do encontro com Jesus Zaqueu se
converteu. O Espírito Santo entrou em seu coração. Naquele momento Zaqueu
estava salvo. Deus não mais o condenaria. A salvação da condenação no juízo de
Deus foi declarada por Jesus a Zaqueu naquele momento. Se Jesus perdoou ninguém
poderá condenar.
Creio
que o texto mais claro a respeito da Justificação e da impossibilidade de um
homem condenar àquele a quem Jesus justificou é Romanos 2.1-8. Faremos um
comentário a seu respeito com o uso do texto.
O
texto é iniciado com um alerta ao justiceiro: “Portanto és indesculpável, ó homem,quando julgas, a quem quer que seja;
porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as
próprias coisas que condenas”. Paulo deixa bem claro que
nenhum homem tem a autoridade e a capacidade para julgar a outro pecador. Para
esse julgamento Deus levantou aqueles a quem instituiu como autoridade em Sua
igreja. Quando alguém se faz dono da justiça atrai para si o juízo de Deus,
pois exige do outro a pureza que ele mesmo não vivencia.
Já
falei sobre os insatisfeitos com a justiça que procuram fazer justiça com as
próprias mãos. O profeta Jonas foi um desses. Ele resolveu não cumprir o seu dever
profético por crer que Deus seria misericordioso com quem ele desejava ver
destruído. Se ficasse calado e não pregasse sobre o juízo de Deus, Deus
destruiria a cidade de Nínive e isso agradaria a Jonas. Desse modo Paulo alerta
para essa verdade. Ele diz: “Bem sabemos que o
juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas”. Fazer justiça com as próprias mãos, no
nosso caso, é acusar severamente um irmão que caiu em pecado e tratá-lo com
desprezo exigindo que seja expulso da igreja e do nosso meio, é o mesmo que
descrer dos métodos usados por Deus para fazer justiça contra alguém que ele
mesmo ao julgar, condenou ou absolveu como lhe aprouve. É, também, o mesmo que
dizer que Deus não sabe ser justo e você que julgou e condenou, é mais justo do
que Deus.
Jesus
fez um alerta aos judeus quanto ao julgamento alheio. Ele mandou que antes de
condenar o próximo deveriam retirar a trave do próprio olho. Eles estavam
sempre prontos a condenar os outros, mas nunca se preocupavam com os seus
próprios erros. Aqui Paulo disse: Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas
e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? Ninguém escapará impune do
julgamento de Deus. Ninguém pode se esconder de seus olhos. Ele não é como a
justiça humana que demora e falha em seu julgamento. Todos os culpados são
julgados corretamente.
Ao
julgar e condenar o próximo a pessoa que se julga justa e irrepreensível se
esquece de algo essencial para o cristão: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância,
e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?” Se
somos justos e andamos em correção é porque descobrimos o erro praticado e
procuramos nos corrigir. Só que esse reconhecimento do erro não vem de nós
mesmos. É Deus quem, por misericórdia, conduz o homem ao arrependimento. Foi
assim conosco e é também com o pecador que condenamos com nossas atitudes,
esquecendo-nos de que a bondade de Deus pode levá-lo também ao arrependimento,
como aconteceu conosco.
O
legalista é o homem que acha que ele é o melhor executor da lei. Ele é o santo,
puro, irrepreensível, dono da moral e dos bons costumes. Todos são errados e
ele está sempre correto e puro. Ele deve julgar e condenar por ser bom em si
mesmo. O seu coração duro não permite misericórdia. Quer ver todos os que
praticaram erros serem humilhados publicamente e desse ato de humilhação alheia
retira um enorme prazer. Para esses, Paulo disse: “Mas, segundo a tua
dureza de coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da
revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu
procedimento: A vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram
glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que
desobedecem à verdade e obedecem à justiça”. O homem que julga sem
misericórdia acumula contra si mesmo a ira de Deus, e pede para si a mesma
falta de misericórdia na hora de receber a sua pena.
Deus
não nos fez juízes. Eles nos incumbiu de sermos proclamadores da sua graça. A
justiça de Deus se revelou em Jesus, que morrendo na cruz perdoou e declarou
justos e livres da ira de Deus todos aqueles que crerem nele como único e
suficiente salvador. A autoridade de julgar cabe a Deus e a quem ele instituir
para esse cargo. Não cabe a nós dizer que alguém vai para o inferno, e sim
dizer-lhe que se arrepender de seus pecados e aceitar a justiça de Deus em
Jesus Cristo será salvo e terá o céu.
Dissemos
que quem
foi perdoado por Cristo não pode ser condenado por homens. Falamos isso
baseado no que Paulo escreveu: “Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas
ele mesmo não é julgado por ninguém”. Homem espiritual é aquele que deixou
de ser guiado pelo espírito do mundo e passou a ser guiado pelo Espírito Santo
de Deus. Esse homem espiritual é capacitado pelo Espírito Santo a julgar o que
é certo e o que é errado. Ele é capaz de discernir entre o bem e o mal e por
isso julga
todas as coisas. O Espírito Santo o capacita a dizer se algo é certo
ou errado e a agir corretamente.
Mas
Paulo disse que “ele não é julgado por ninguém”. Nenhum
homem merece a salvação. Todos são pecadores e merecedores do castigo eterno.
Mas Deus resolveu, entre os condenados, escolher aqueles a quem desejou salvar.
A esses ele aplicou a justiça de Jesus.
Esses
homens não foram obedientes, puros e santos como Deus exige, mas Deusimputou, ou seja, determinou que toda a obediência e justiça e
santidade vivida e praticada por Jesus Cristo fossem aplicadas na vida desses
homens que ele quis salvar. Se o próprio Deus que sabia de toda a sujeira da
alma desses homens desejou e permitiu que estivessem ao seu lado, quem é o
homem para dizer que ele está errado?
Se
Deus disse que o crente é santo, então o crente é o mais puro de todos os
homens. Se Deus declarou a inocência do culpado, o culpado passou a ser
inocente e ninguém pode dizer o contrário. A justificação que Cristo imputou na
vida do crente faz dele, diante de Deus, o mais puro, santo e perfeito dos
homens.
Nosso
segundo ponto de argumentação é que AS RAZÕES DO PERDÃO DO HOMEM ESTÃO
EM DEUS. Diz o versículo: “Pois
quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir?”
Dona
Maria é um mulher muito bonita. Ela tem os olhos mais belos que alguém poderia
ter. Seus cabelos brilham ao sol e ofuscam a beleza das outras mulheres. Ao
passar na rua ela chama a atenção de todos. O seu marido é um homem pacato e
simples. É desprovido de beleza e de bens materiais. Todos gostam muito dele,
mas o criticam por amar muito sua esposa. Dona Maria sai muito de casa e fica
horas na rua. As pessoas não sabem para onde ela vai, mas a julgam, pois sempre
sai de casa arrumada e cheirosa. Todos desconfiam dela, menos o marido. Isto é
imperdoável para os vizinhos. Como pode um homem tão bom conviver assim com
essa aí? Será que ele não vê que ela o trai? E apesar de tudo, ele ainda é
muito feliz com ela.
Você
deve conhecer algum caso parecido. Todos se perguntam sobre o por quê de a
pessoa que deveria estar ofendida não está. É que o marido ama. A causa da
falta de desconfiança está no coração do marido e não nas atitudes da esposa. A
pessoa que ama olha apenas para as boas qualidades, para o seu desejo de tê-la
sempre por perto e com isto as desconfianças desaparecem. Se ele decidiu
confiar, então não tem motivos para desconfiar. Se ele quer vê-la como a mais
pura das mulheres nenhum vizinho pode recriminá-lo. Ninguém tem essa autoridade
sobre sua vida.
Deus
agiu assim com o pecador. A diferença reside no fato de ele não ter deixado o
crime do pecador impune. Deus puniu o pecador quando matou o seu único filho na
cruz. Ele mostrou toda a sua indignação contra o pecado dos homens em cada
chicotada que aqueles guardas deram em Jesus. Ele mostrou sua ira contra o
pecado em cada martelada que foi dada nos pregos que furaram as mãos e os pés
de Jesus. Sua revolta contra o pecado se manifestou na zombaria do povo, no
escárnio que ele fez Jesus suportar, na lança que perfurou os pulmões de
Cristo. Cada ato de violência sofrido por Jesus manifesta toda a indignação e a
ira de Deus contra todos os atos pecaminosos dos homens a quem ele desejou
salvar. Sendo assim ele não deixou o pecado impune, mas o puniu da forma mais
cruel que alguém poderia ser punido.
Depois
de punir os homens com seus pecados, matando cruelmente Jesus Cristo lá na
cruz, Deus passou a olhar para os seus amados e amadas como se eles nunca
tivessem pecado. Deus passou a olhar para os seus escolhidos como se fôssemos
os homens mais santos e puros que já habitaram nesse mundo. Mas a causa dessa
pureza não está em nós. Na realidade não somos puros e muito menos perfeitos.
Estamos muito longe do ideal de perfeição exigido por Deus. A causa do perdão
de Deus não está em nós, está nele mesmo.
Uma
senhora foi traída por seu marido que lhe fora fiel nos vários anos de
casamento. Eles sempre se deram muito bem. Nunca faltou nada de um para o
outro. O carinho que aquece o coração, as carícias que despertam o desejo, o
sorriso que alegra o dia, o diálogo que divide as angústias e as alegrias e
todos os itens necessárias para a manutenção do casamento feliz sempre
estiveram presentes. Mas de repente ele caiu em pecado e trouxe muita tristeza
para o seu lar. A dor da traição lhe foi pior que a maior das violências. Todas
as juras de amor caíram por terra. Todos os carinhos que ele lhe fez foram
lembrados com revolta. Todos os beijos de amor passaram a ter gosto de fel. E
depois da descoberta da traição ele chegou chorando e disse: Me perdoa!?
Ai!
O perdão é caríssimo! Caríssimo para quem recebe e é muito mais caro para quem
oferece. O pedido de perdão revela o reconhecimento do erro. Mostra que o
infrator mudaria a situação se pudesse voltar no tempo. Ele agiria diferente se
pudesse. Mas não pode. A única coisa que o marido traidor pode fazer é implorar
pelo perdão e esperar que um dia seja perdoado.
Passar
por cima de todas as feridas que a traição produziu é muito dolorido. Cada
lembrança é uma punhalada. Todas as palavras, gestos e olhares em direção ao marido
traidor fará com que a esposa traída vivencie de novo toda dor. Mas ela está
diante de uma decisão: Perdoar ou não? Haveria motivos para perdoar?
A
maior questão a respeito do perdão é encontrar justificativas que levem ao
perdão. O marido sabia da dor que ia causar? Sim! Ele sabia que isso é errado?
Sim! Ele sabia que ia ferir a esposa e os filhos? Sim! Todas as perguntas
levarão a total consciência do traidor. Ele sabia de todo mal que estava
causando e mesmo assim preferiu a traição. Como encontrar justificativa para
perdoar? A minha resposta é que não existe justificativa no traidor que leve ao
perdão.
Ninguém
merece perdão. Nenhuma justificativa dada por quem praticou o erro fará a
pessoa perdoar. A única forma de perdoar é olhar para o perdão que a própria
esposa recebeu de Deus. Se a esposa for uma cristã que reconhece que o seu
pecado a levaria à condenação da morte e mesmo assim foi perdoada, ela
perdoará. Somente o cristão tem motivos para perdoar. Sendo assim posso afirmar
que não existe razão no culpado que possa convencer a pessoa traída a
perdoá-lo. A razão para o perdão estará na morte de Cristo que nos traz perdão.
Deus
é a pessoa traída. Foi ele quem deu tudo o que o homem necessitava e mesmo
assim o homem o traiu. Não há nenhuma justificativa que o homem possa dar para
conseguir convencer Deus de que é inocente. Deus proporcionou ao homem tudo o
que ele necessita para viver em paz. Deu sua companhia e amizade e mesmo assim
o homem preferiu trair àquele que mais o amou. O homem traiu e trai consciente.
Essa consciência do que é errado retira do homem qualquer possibilidade de se
justificar diante de Deus.
Nessa
nossa argumentação dissemos que as razões do perdão do homem estão no próprio
Deus. Dissemos isto baseados no que Paulo disse: “Pois quem conheceu a mente do
Senhor, que o possa instruir?”. Quem foi que aconselhou Deus a perdoar o homem?
Por acaso havia alguém junto dele dizendo o que fazer e a quem perdoar? A
resposta é: Não.
Não
havia, não há e não haverá qualquer razão no homem que convença Deus a
perdoá-lo. Nenhum homem foi, é ou será puro como Deus exige que o homem seja.
Se somos perdoados por Deus é porque ele tem razões dentro do seu próprio
coração que o motiva a perdoar. Ele decidiu perdoar e a motivação para a sua
decisão está dentro dele.
Do
mesmo modo como a mulher traída não encontrou e nem encontrará justificativas
para o marido traidor, Deus não encontrou e nem encontrará justificativas nos
atos humanos para dar o seu perdão. No caso da mulher traída ela pode buscar as
razões para perdoar o marido observando o perdão que ela mesma recebeu de Deus
e assim pode imitar Deus e perdoar o seu marido. Mas Deus não foi perdoado por
ninguém e nem precisa ser porque ele não pecou e não deve nada a ninguém.
A
razão do perdão recebido pelo homem está no amor incondicional de Deus. Deus
não impôs condições ao homem para perdoar, pois se assim fosse, nenhum homem
seria perdoado. O homem é incapaz de ser totalmente fiel. Por mais que tenta
ser fiel ele acaba sendo infiel em algum aspecto. Deus promoveu o modo e a
razão para o perdão do homem. Ele mandou o seu filho para viver corretamente
como ele exige que os homens vivam. Também ofereceu o seu filho inocente e puro
na cruz para que ele, como homem perfeito, pudesse pagar o preço do pecado de
outros homens. Agindo assim o próprio Deus criou as condições necessárias para
perdoar os pecadores.
Nosso
terceiro ponto de argumentação é que O PERDÃO RECEBIDO MUDA A VIDA DO
PECADOR PERDOADO. Paulo
disse assim: “Nós, porém, temos a mente de Cristo”.
Em
Romanos 8.31-34, diz: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por
nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio filho, antes,
por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas
as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os
justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem
ressuscitou, o qual está a direita de Deus e também intercede por nos”. Ao ler
um texto como esse, sabendo que ele se refere a nós que aceitamos a Cristo como
nosso Salvador, nos sentimos tranqüilos e seguros. Sabemos que tudo o que tinha
de ser feito para nos garantir a entrada no céu já foi feito por Jesus. Sabemos
também que Deus não está mais irado contra nós, porque os nossos pecados foram
condenados ao serem postos sobre Jesus que os sofreu em nosso lugar.
Vimos
também que ninguém mais pode nos acusar ou nos condenar, pois como eleitos de
Deus somos justos porque o próprio Cristo nos justificou. O que mais nos
importa? Ficaremos angustiados com o que pessoas possam falar a nosso respeito?
Se o próprio Deus desejou estar próximo dos escolhidos e nos declarou limpos de
nossas faltas, então não precisamos mais nos preocupar com o que dizem as
pessoas. E além de tudo, ele ainda continua a interceder por nós.
E
aí? Como fico? Vou andar de qualquer modo porque a salvação está garantida?
Como diz Romanos 6.15: “E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da
lei e sim da graça? De modo nenhum!” A pessoa que é consciente do perdão
recebido em Jesus Cristo, sabendo que ele levou sobre si todos os nossos
pecados e essa tarefa lhe foi penosa e muito dolorosa, foge de todo caminho
errado, buscando a santidade, mesmo que imperfeitamente, para, de algum modo,
mostrar sua gratidão por todo o bem recebido de Deus. O homem perdoado por Deus
sofre uma transformação radical em sua vida.
Zaqueu
se encontrou com Jesus. Esse encontro mudou a sua vida. O perdão recebido
redirecionou os seus passos. Ele abandonou suas antigas práticas desonestas e
passou a ser um homem justo. Ele passou a se preocupar com o bem estar dos
pobres e necessitados. Então Jesus disse: “Hoje veio salvação a esta casa”. A
salvação oferecida gratuitamente mudou para sempre a vida de Zaqueu.
Jesus
não pronunciou, à mulher pecadora, palavras de repreensão por seus atos
pecaminosos. Ele levou todos que estavam ao seu redor a reconhecer que pecaram,
inclusive a pecadora. Depois de se conscientizarem da realidade de que são
pecadores, os algozes da pecadora foram embora, então Jesus olhou para aquela
mulher e lhe disse: “Vai e não peques mais”. Ela se tornou uma discípula.
Essa
mesma admoestação foi feita por Jesus a um coxo que fora curado por ele. Ele
esperava um milagre impossível e Jesus o realizou em sua vida. Depois de curado
do problema físico, Jesus lhe disse: “Vai e não peques mais, para que não te
suceda coisa pior” (João 5.14).
Em
todos esses casos houve uma mudança de vida. É por isso que dissemos em nossa
argumentação que o perdão recebido muda a vida do cristão. Paulo disse:“Nós,
porém, temos a mente de Cristo”. Essa é a maior mudança: Nós passamos a ter a
mente de Cristo. Antes nossa mente era a mente dominada pelo espírito desse
mundo. Éramos cegos e mortos espiritualmente. Agora não!
O
cristão, depois de perceber o perdão recebido, passa a agir como o Mestre.
Lembram-se da razão que levou a mulher a perdoar o marido? Ela passou a ter a
mente de Cristo, e como Cristo foi capaz de perdoar pessoas injustificáveis, a
mulher também pôde basear sua ação no amor de Deus e conseguiu perdoá-lo.
Em
Mateus 5.1-11, encontramos as bem-aventuranças. Elas são a lista mais difícil
de ser vivida pelos homens. Somente o cristão verdadeiro é que consegue agir
como um bem-aventurado. Ser manso contra quem o oprime; ser humilde quando
humilhado; ser misericordioso quando quem agiu contra nós não merece perdão;
ser limpo de coração num mundo impuro, para deixar-se agir como Jesus agiria em
seu lugar; aceitar as perseguições com alegria por ser identificado como servo
do Senhor. Essas bem-aventuranças são a base da vida do cristão e ele somente
viverá como lhe é exigido se tiver a mente de Cristo.
A
pessoa que reconhece o perdão recebido de Deus passa a olhar para o próximo de
modo diferente. Ao irmão da igreja que caiu no erro não se olha com desprezo,
mas com compaixão. Procura levantá-lo e não derrubá-lo. Às pessoas que estão
perdidas, o cristão que tem a mente de Cristo, olha com preocupação e
responsabilidade por sua salvação. Essa mudança de atitude é gerada pelo
reconhecimento do perdão recebido e por um coração agradecido por tudo o que
Deus realizou em sua vida.
Para
concluir relembraremos alguns pontos principais. Iniciamos o nosso estudo
falando a respeito dos vários crimes cometidos e da dificuldade que os
criminosos têm de se livrar da pena. Somente um ato de misericórdia é que os
livraria. Nós somos os criminosos que foram alvo da misericórdia de Deus.
Esse
foi o tema desse nosso estudo: A MISERICÓRDIA DE DEUS NOS GARANTE
O PERDÃO.
Para
confirmar o que afirmamos no tema, usamos os versículos 15 e 16, que nos
levaram às seguintes argumentações:
1. QUEM FOI PERDOADO POR CRISTO NÃO
PODE SER CONDENADO POR HOMENS. “Porém
o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por
ninguém”.
2. AS RAZÕES DO PERDÃO DO HOMEM ESTÃO
EM DEUS. “Pois
quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir?”
3.O PERDÃO RECEBIDO MUDA A VIDA DO
PECADOR PERDOADO. “Nós, porém, temos a mente de Cristo”.
Se
você já é um privilegiado por ter a mente de Cristo, saiba que ninguém mais
pode acusá-lo. Deus garantiu o seu perdão em Jesus Cristo. Se você tem
consciência disto, então procure viver de modo digno do Senhor de sua vida.
Deixe-se ser guiado pelo Espírito Santo e você verá a transformação que ele
fará em sua vida.
Pense nisso!
Do seu Pastor: Samuel José dos
Santos Filho
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do
Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E com todo povo de Deus espalhados
sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
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