Estudo Bíblico- O que fazer quando os filhos partem? - Domingo 16 de agosto de 2015
Domingo,
16 de Agosto de 2015
Texto Básico: Gênesis 2.24
Leitura diária
D – Sl 113.1-9 – O Senhor e a nossa dor
S – Lc 1.36-37 – O Deus dos impossíveis
T – Dn 4.35 – A vontade soberana
Q – Tg 4.1-4 – Pedindo mal
Q – Tg 4.11-12 – Julgando os irmãos
S – Tg 4.13-17 – Língua arrogante
S – Tg 5.12-20 – Língua abençoadora
S – Lc 1.36-37 – O Deus dos impossíveis
T – Dn 4.35 – A vontade soberana
Q – Tg 4.1-4 – Pedindo mal
Q – Tg 4.11-12 – Julgando os irmãos
S – Tg 4.13-17 – Língua arrogante
S – Tg 5.12-20 – Língua abençoadora
Introdução
No começo, a
casa dos recém-casados é caracterizada por um silêncio quebrado uma vez por
outra por uma conversa calma e elaborada do casal. Os sons mudam com o tempo:
passam a ser ouvidos sons de crianças correndo, brigando, de pais “berrando”
para que não façam isso ou aquilo, muitos risos e brincadeiras. Novamente
acontece uma mudança nos sons ouvidos: músicas que os adolescentes da casa
“curtem” no rádio nas alturas, risadas dos amigos e algumas gírias
desconhecidas. Mais mudanças acontecem, até que novamente o silêncio retorna,
após muitos anos.
O que está
acontecendo? Os filhos cresceram, e saíram do lar para seguir o rumo de suas
vidas. Os pais geralmente são pegos de surpresa quando esse momento acontece,
pois não se prepararam para isso. Sentimentos de nulidade, saudade, solidão,
dever cumprido, apreensão, orgulho e outros tantos se misturam, formando uma
crise. Como encarar mais essa situação, diante de Deus, honrando-o e gozando de
sua graça e paz?
I. Problemas que surgem com a partida dos filhos
a. O sentimento de inutilidade
Durante
muitos anos, os pais se dedicaram a prover, educar, cuidar, orientar, ensinar,
alimentar e proteger sua criança. Mas um dia você olha para o seu filho e
percebe que está na casa dos vinte anos e se dá conta de que sua personalidade
adolescente deu lugar às resoluções de um jovem maduro. Embora seja mais agudo
para a mulher, um sentimento de inutilidade pode tomar conta dos dois.
A sensação é
que agora os pais, principalmente após a saída do último filho de casa, estão
sem função no mundo. Percebem que não são mais essenciais na vida de seus
filhos, ainda que todos se amem. Muita confusão pode cercar esse momento: o que
fazer agora? Qual é o passo seguinte? Do que os pais se ocuparão?
b. A solidão
Quase todos
os pais que já experimentaram essa situação mencionam a solidão como um
problema envolvido no processo. A saída dos filhos da casa, conforme alguns
pais podem relatar, traz um sentimento de vazio.
Como essa
saída, na maioria esmagadora das vezes, implica mudança para um lugar distante,
quando os pais se dão conta que terão de se acostumar com uma rotina que não
mais inclui um retorno ao lar no fim do dia, eles se percebem sós.
c. O impacto no relacionamento conjugal
Outro
problema bastante comum, e mais grave do que os demais, é a percepção de que o
casal gastou a maior parte da vida conjugal se dedicando aos filhos. Sabem o
que pensam pelo olhar. Percebem se estão bem ou não pela maneira com que
pressionam a maçaneta da porta quando chegam. Mas com a saída daqueles que foram
transformados no centro o lar, os pais não só perdem a referência, como olham
um para o outro como quem olha estranhos. Eles percebem que não se conhecem
mais.
Esse
problema pode tomar contornos mais profundos que os demais, porque os outros
são passageiros por natureza, até que uma nova rotina se instale, mas este pode
trazer grandes consequências. Nessa fase da vida, não é incomum que o divórcio
visite o lar, tornando clara a percepção que o casal teve de si, uma vez que o
ponto de convergência não existe mais.
II. Entenda o propósito da criação de filhos
Devemos
criar nossos filhos para a glória de Deus. Os alvos de Deus para eles são os
mais sublimes e benéficos que podemos almejar. Por isso, os pais precisam
entender que criar filhos possui alvos específicos. O desconhecimento desses
alvos torna irreconhecível a situação quando ela se manifesta e a crise se
instala. Isso pode ser evitado se os pais souberem com que propósito criam seus
filhos.
a. Criá-los para formarem famílias
Gênesis
informa que não só faz parte do processo natural da vida e da maturidade, mas
existe uma profunda motivação para que os pais não só esperem, mas estimulem a
saída de seus filhos: a formação de uma nova família.
O novo núcleo que se forma com a saída dos filhos é importante para o
crescimento do reino e continuidade da vida. A promessa é para nós e para os
nossos filhos, diz a Palavra de Deus, e espera-se que eles cresçam e os filhos
de seus filhos façam o mesmo. Para que seus filhos se casem e tenham seus
próprios filhos, é preciso deixar o núcleo familiar original, para formar
outro, novo. Criar uma nova família inclui o deixar os pais.
b. Criá-los para que virem irmãos
Nosso tempo
testemunha a crescente onda do incentivo à imaturidade. Amadurecer é preciso, é
natural e um evento cheio de benefícios piedosos. A maturidade é esperada e
deve ser estimulada, ao contrário do que pensa o mundo ao nosso redor (Sl
37.45; 1Co 13.11).
No texto de
Gênesis, somos informados de que os filhos deixam seus pais para formar uma
nova família. Isso significa que, com a idade adulta chegada, eles possuem o
mesmo status e a mesma posição de seus pais. Eles estão páreos. A verdade é que
seus filhos não permanecerão para sempre infantes e dependentes de sua direção,
mas poderão, quem sabe, até os ensinar (Sl 119.100). Criamos filhos para que se
tornem adultos e, por conseguinte, irmãos na fé. Criamos filhos que se tornarão
irmãos.
III. Prepare-se para um futuro próximo
Os pais devem procurar preparar seus filhos para a vida adulta.
Provérbios 22.6 diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda
quando for velho, não se desviará dele”. Normalmente interpretado como uma
promessa, esse texto não é corretamente entendido até que se atente que o sábio
não diz qual é esse “caminho”. Antes, o texto nos diz que, não importando em
que caminho a criança seja ensinada, ela adquire um gosto, de modo
que quando cresce permanece gostando dele.
Preparar-se
não é uma boa opção, nem mesmo é uma opção. Preparar-se para esse futuro
próximo é uma ordem. Caso, porém, esse momento de saída do ninho não tenha sido
preparado e planejado, você sentirá fortemente a sensação de perda. Nessa hora,
vale a análise e a reflexão sobre algumas questões: “O que está faltando para
esse casal? O que aconteceu na dinâmica dessa família que centralizou a atenção
exclusivamente sobre esse filho? Onde estão os indivíduos nessa casa?”. Como,
então, preparar-se de modo correto?
a. Bons relacionamentos com os filhos
Os pais
podem se preparar para esse tempo estabelecendo com seus filhos relacionamentos
íntimos, mas não sufocantes. Criamos filhos como o pequeno príncipe preservava
sua rosa na redoma de vidro. Os pais devem apoiar seus filhos, não coibi-los.
Paulo
adverte contra provocar nossos filhos à ira, para que eles não fiquem
desanimados, zangados, cansados ou frustrados e para que seu ânimo não esmoreça
e eles se sintam abatidos (Ef 6.4; Cl 3.21).
Lembre-se de
que, quando os filhos partem de casa, muitos pais colhem aquilo que semearam.
Durante anos eles provocaram e afastaram seus filhos por pura negligência (Pv
29.15), por parcialidade (Gn 37), por irritá-los (1Sm 19 e 20), por falta de
apreciação e equilíbrio (elogiar, bem como corrigir, valorizar diversão e
alegria, bem como trabalho e respeito), por hipocrisia (padrões duplos) ou
excesso de severidade. Quando chega o dia de partirem de casa, esses filhos
estão hostis ou completamente apáticos e indiferentes em relação aos pais, pois
esse é o resultado esperado e previsto biblicamente (Pv 17.21,25).
b. O centro do lar
Os filhos
podem ser uma poderosa força de coesão. Por um lado, eles unem o marido e a
esposa; mas por outro lado, podem evitar que o marido e a esposa consigam
estabelecer um bom relacionamento conjugal. O perigo? Os filhos se vão e ficam
dois desconhecidos.
Podemos nos
preparar para a partida dos filhos desenvolvendo um relacionamento íntimo com o
cônjuge. Esse é o relacionamento mais duradouro do lar. De fato, antes da
chegada dos filhos, havia apenas o marido e a esposa e deles decorrem os
filhos. Os filhos não são o motivo do casamento, mas sua consequência.
Sem dúvida
essa é a ênfase bíblica. Quando Deus disse que não era bom que o homem ficasse
só, Deus não providenciou filhos para Adão, mas uma esposa: “far-lhe-ei uma
auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18). Quando Paulo buscou uma figura para
representar o íntimo relacionamento de amor e redenção entre Cristo e a igreja,
dentre todas as figuras existentes, ele usou o relacionamento de um casal (Ef
5.25-31). Em sua primeira carta, Pedro também enfatiza que o relacionamento
conjugal possuía prioridade, com efeitos tão profundos capazes de fazer
interromper orações (1Pe 3.7). O que dizer da lei que dava ao casal
recém-casado a bênção de gozar de um ano de folga dos seus serviços, inclusive
o militar, conforme está em Deuteronômio 24.5? Que outra ocasião da vida humana
foi contemplada com benefício equivalente ou superior? Se as Escrituras
valorizam tanto o aspecto conjugal, por que insistiria o casal em dar aos
filhos a centralidade do lar?
É natural
que se sinta falta dos filhos, mas não é uma calamidade terrível capaz de
despedaçar a vida. O relacionamento humano mais duradouro está intacto e há
muito tempo para gozá-lo, sem as preocupações que até então ocuparam a casal.
c. Interesses diversos
É possível, também, preparar-se para esse tempo cultivando interesses
que, mais tarde, possam ser desenvolvidos ou aprimorados. Algumas pessoas não
possuem outros interesses ou afazeres senão os ligados diretamente à rotina
doméstica. Com isso não estamos excluindo os maridos, pois com rotina
doméstica podemos incluir o interesse no trabalho e na família que,
como muitos fazem, é cercado de uma falta crônica de diversão fora desse
contexto. Assim, quando os filhos se vão, não há nada para preencher a lacuna
na agenda, sobra um tempo que permanecerá desocupado.
Essa
orientação é bíblica (cf. Fp 4.8). Após a partida dos filhos, o casal percebe
que poderia ter investido mais em algumas habilidades e aprendizados. Um pode
lamentar o fato de não ter aprendido a guiar um veículo, outro por não ter
aprendido outra língua, ou então por não ter adquirido aquela habilidade manual
que desejava.
Este é um
tempo para se expandir as atividades e relacionamentos, e não para afastar-se
da vida. Conforme Paulo nos diz em Filipenses, há todo um leque de
possibilidades que se abre diante da pessoa que deseja viver este momento
diante de Deus, para a sua glória e com plenitude.
Uma questão
importante a se enfatizar aqui é que, dentre os inúmeros novos interesses que
estão disponíveis, um novo ministério na sua igreja local deve figurar entre
eles, afinal, há mais tempo livre para servir ao Senhor sem tantas
responsabilidades com a família.
Ver os
filhos partirem pode dar a sensação de um segundo parto. Mas se é assim, por
que não se preparar para esse evento como se preparou para o primeiro?
IV. Ajuste-se ao seu novo papel na vida dos filhos
Quando os
filhos partem, as pessoas precisam reconhecer que cada fase da vida tem suas
próprias compensações. Os anos da meia-idade e da terceira idade não são um
poslúdio do viver verdadeiro; eles são, em si, um viver verdadeiro. Toda pessoa
deveria ter alvos específicos e apropriados para alcançar, bem como, graus de
crescimento para atingir. Isso acrescentaria uma nova dimensão à vida.
Esta nova
situação exigirá que o papel dos pais se revista de novos contornos, que são
distintos e pouco abordados. Os pais não mais têm o papel de protetores,
orientadores diretos e direcionadores da vida da criança. O filho agora é um
adulto, possui seu próprio lar, suas responsabilidades, sua própria vida.
a. Influência indireta
A primeira e
mais impactante mudança é o tipo de influência que os pais vão exercer na vida
de seus filhos doravante. O fato de ela agora passar a ser quase exclusivamente
indireta é muito difícil para muitos pais. Esses pais tenderão a se intrometer
nas decisões de seus filhos, na maneira como criam seus netos, na forma como
administram a sua rotina.
Não tentar
influenciar diretamente é um desafio de grande peso para os pais que passam por
essa fase da vida. Inúmeros casais reclamam da influência que alguns pais têm
em seu lar, e que não é abençoadora.
Os pais têm
de ter consciência que sua ajuda será necessária e valiosa; seus ensinos e
conselhos serão considerados; suas experiências reconhecidas. Contudo, todas
essas coisas precisam ser requisitadas, não oferecidas. De maneira alguma isso
defende qualquer forma de desprezo, pelo contrário. Entretanto, essa é a fase
em que os filhos tentarão praticar o que aprenderam com seus pais, e recorrerão
a eles sempre que precisarem ou dúvidas surgirem. Aguarde por esse dia sem se
tornar inconveniente.
b. A casa agora é do vovô e da vovó
Quando as
pessoas levam a sério o fato de que serão avós, essa nova fase da vida pode
envolver significado e entusiasmo.
Verdade seja
dita, alguns avós são arrogantes e ofensivos no dar conselhos sobre a criação
de filhos. A posição de ser fonte de sabedoria e conselho que gozam em virtude
da experiência que têm não deve, no entanto, fazer com que as pessoas abusem
deste privilégio. Devem, antes, procurar cumprir com responsabilidade a benção
que lhes é dada pelo próprio Deus. Bons avós podem ser uma grande influência na
vida de uma criança e esse é um novo papel para o qual você deve se preparar
para desempenhar bem.
Alguns
reclamam de que não estavam prontos para serem avós “tão cedo”. Lembre-se: se
seus filhos já saíram de casa pela porta do casamento, então esta é uma
possibilidade bem real e não tardará. Receba bem a notícia e seja uma benção
para esse novo membro da família.
Conclusão
Quando os
filhos partem, a vida não acaba. Apenas uma nova fase é inaugurada. Olhar para
essa nova etapa da vida com esperança pode transformar totalmente as
expectativas de um casal.
A dor e os
sentimentos misturados são inevitáveis, mas no poder de Cristo e sob a
orientação do Espírito, podemos lidar com essa fase da vida de maneira que
glorifiquemos a Deus com nosso exemplo, palavras e pensamentos. Esteja pronto
para passar por essa fase de modo que Deus se agrade de você.
Aplicação
1 – Converse
sobre o assunto com outros pais que passaram por essa situação;
2 – Dê
exemplo de um comportamento maduro;
3 – Examine
seus desejos com respeito aos seus filhos;
4 – Faça uma
lista de interesses que não tem condições de dar atenção agora, mas que poderá
fazer quando os filhos partirem;
5 – Repense
seu relacionamento conjugal e priorize-o.
Pense nisso!
Do seu Pastor: Samuel José dos
Santos Filho
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do
Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E com todo povo de Deus espalhados
sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
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