Estudo Bíblico - DE VOLTA AO PRIMEIRO AMOR
Domingo 31 de março de 2013
DE VOLTA AO PRIMEIRO AMOR
Há
muitos anos atrás antes de minha conversão fui ao supermercado fazer uma
pequena compra. Não era o que poderíamos chamar de “compra do mês”, era só uma
“comprinha” daquelas para as necessidades de um ou dois dias. Portanto, saí com
uma certa quantia em dinheiro e fiz questão de calcular os preços dos produtos
que comprava de modo a não exceder o valor que tinha em mãos. Quando passei a
mercadoria no caixa, sobrou um pequeno troco, não me lembro o valor exato, mas
eram apenas moedas. Então perguntei para o caixa se aquele valor dava para
comprar algum chocolate, pois pensei em levar algo para minha mulher e meus
filhos. Fui informado que com aquela quantia só conseguiria comprar três
unidades daquele chocolatezinho em forma de bastão, o “Batom”, da Garoto, e foi
exatamente o que fiz.
Quando entreguei os chocolatezinhos
na mão dos meus dois filhos, Marcos Vinicius e Larissa, eles fizeram a maior
festa. Achei que conseguiria causar a mesma boa impressão em minha esposa, a Sandra,
mas para meu espanto a reação dela foi me dizer: “Que decadência!”
Levei um susto com a frase dita e com
o olhar de censura recebido. O olhar do Dom Juan e o chocolatinho não haviam
produzido resultado algum em minha tentativa de agradar minha esposa. Então
disparei: “Do que é que você está falando, mulher?”
Ela nem titubeou para responder: “No
início, quando começamos a namorar, você me tratava à base de bombons da
Kopenhagen. Depois que noivamos você começou a aparecer com caixinhas de
bombons sortidos da Nestlè. Quando nos casamos você começou a trazer os “Sonhos
de Valsa” da Lacta. E agora “Batom”… Onde é que isto vai parar?”
Caímos na gargalhada com o protesto
da Sandra. Mas depois percebi que ela não havia brincado. Comecei a repensar
minha dedicação em agradá-la e concluí que ela estava certa. Eu ainda a amava,
não achava ter perdido isto, mas as coisas deixaram de ser como no começo.
É claro que uma relação amadurece e
nem tudo será sempre como foi no começo. Poderia dizer muitas coisas que
melhoraram ao longo dos anos, mas o fato é que neste aspecto específico (expressar
valor e carinho) eu havia decaído em relação ao que já havia sido antes.
Chocolates populares também são gostosos, mas não são românticos.
Pedi perdão para minha esposa e
prometi resgatar aquilo que havia deixado de lado. E claro, tratei de fazer o
que devia: voltei a dar bombons da Kopenhagen e Ferrero Roche novamente!
Se isto acontece no nível de
relacionamento humano, natural, também acontece no plano espiritual. Da mesma
forma que perdemos a paixão e a intensidade de nosso amor por deixar se
envolver na rotina de um relacionamento com pessoas que realmente amamos,
também acabamos deixando que a relação com o Senhor sofra desgastes. E o Deus
que nos chamou a uma relação de amor total não aceita isto. Ele protesta e pede
de volta aquilo que perdemos.
Nas visões do Apocalipse, que o
apóstolo João recebeu na Ilha de Patmos, o Senhor lhe confiou algumas mensagens
às Igrejas da Ásia. Na carta endereçada à Igreja de Éfeso, o Senhor Jesus
protestou acerca da decadência de amor que a Igreja vinha apresentando. Ele
protestou a perda do que denominou como o primeiro amor:
“Conheço
as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes
suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram
apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste
provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra
ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste,
arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e
moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”.
(Apocalipse 02:02-05)
O
PRIMEIRO AMOR
O que é o primeiro amor a que o
Senhor Jesus se refere nesta mensagem? É um fogo em nosso íntimo, de grande
intensidade, e que coloca Jesus acima de todas as outras coisas. Isto foi bem
exemplificado em uma parábola de Cristo:
“O
reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que
tem e compra aquele campo.” (Mateus 13:44)
O Senhor fala de alguém que, além de
transbordar de alegria por ter encontrado o Reino de Deus ainda se dispõe a
abrir mão de tudo o que tem para desfrutar de seu achado. Estas duas
características são evidentes na vida de quem tem um encontro real com Jesus.
Esta alegria inicial foi mencionada
por Jesus na parábola do semeador. O problema é que alguns cristãos permitem
que ela desapareça diante de algumas provas:
“O
que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo,
com alegria; mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em
lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se
escandaliza.” (Mateus 13:20-21)
Outros cristãos, por sua vez, mesmo
em face das mais duras provações, ainda permanecem transbordantes desta
alegria:
“Chamando
os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de
Jesus, os soltaram. E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem
sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome.” (Atos 05:40,41)
O primeiro amor é aquele primeiro momento de
relacionamento com Cristo em que todo o nosso ser devota a Ele. Abrimos mão de
tudo por causa de Jesus:
“O
reino dos céus é também semelhante a um que negocia e procura boas pérolas; e,
tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra.” (Mateus 13:45,46)
O Reino de Deus passa a ser prioridade absoluta. É
quando amamos a Deus de todo nosso coração e alma, com todas as nossas forças e
entendimento. Este primeiro amor nos leva a viver intensamente a fé. Foi assim
desde o início da era cristã:
“Então,
os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele
dia de quase três mil pessoas. E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos
prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que
creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e
bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha
necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em
casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a
Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso acrescentava-lhes
o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” (Atos 02:41-47)
Os relatos de Atos dos Apóstolos nos revelam uma
Igreja viva, cheia de paixão e fervor:
“Da
multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava
exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.
Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor
Jesus, e em todos eles h
avia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os
que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e
depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida
que alguém tinha necessidade.” (Atos 04:32-35)
Este amor nos
leva a praticar a buscar intensamente ao Senhor e também a trabalhar (Jesus o
relacionou com “obras” quando disse a Pedro que se ele O amava devia pastorear
Seu rebanho – João 21;15-18). O apóstolo Paulo falou que o amor de
Cristo (ou o entendimento da profundidade deste amor) nos constrange a não mais
viver para nós, mas para ele:
“Pois
o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo,
todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2ª Coríntios 05:14,15)
Foi este constrangimento de amor que levou o
apóstolo Paulo a trabalhar mais do que os demais apóstolos:
“Mas,
pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se
tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas
a graça de Deus comigo.” (1ª Coríntios 15:10)
Assim também se dá conosco hoje. O primeiro amor é
uma profunda resposta ao entendimento do amor de Cristo, que nos leva a buscar
e servir ao Senhor com intensidade e paixão.
A PERDA DO PRIMEIRO AMOR
Alguns acham
que se o primeiro amor nos leva ao trabalho, então a perda do primeiro amor
seria uma baixa da produtividade. Mas de acordo com o que Jesus falou na carta
à Igreja de Éfeso, não se trata apenas de “relaxar” no trabalho de Deus, pois o
Senhor lhes disse: “Conheço as tuas obras, tanto o teu
labor como a tua perseverança” (Apocalipse 02:02a). A palavra grega traduzida como
“labor” é “kopos” que, de acordo com a Concordância de Strong, significa: “intenso trabalho unido a aborrecimento e fadiga”. Este tipo
de labor seguido de perseverança não indica uma queda de produtividade no
serviço do Senhor.
Tampouco
se trata de desânimo ou desistência, uma vez que nesta mensagem profética o
Senhor Jesus louva a persistência destes cristãos de Éfeso: “e tens perseverança,
e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” (Apocalipse 02:03).
A perda do primeiro amor também não pode ser vista
como sendo apenas um momento de crise no trabalho ou na dedicação, uma vez que
é algo que Deus tem contra nós:
“Tenho,
porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde
caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a
ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas”. (Apocalipse 02:04,05)
Portanto, a perda do primeiro amor é uma queda, é
chamada pecado e necessita arrependimento. Tem muito crente que continua se
dedicando ao trabalho do Senhor, mas perdeu sua paixão. Faz o que faz por
hábito, rotina, por medo, pelo galardão, por qualquer outro motivo que,
acompanhado daquele primeiro amor intenso faria sentido, mas sozinho não.
A queixa que o Senhor faz é o fato destes crentes
terem deixado (ou abandonado, depende a tradução) o primeiro amor. A palavra
grega “aphiemi”, traduzida como “abandonar” neste texto bíblico, tem um
significado bem abrangente. A Concordância de Strong define esta palavra assim:
“enviar para outro lugar; mandar ir embora ou
partir; de um marido que divorcia sua esposa; enviar, deixar, expelir; deixar
ir, abandonar, não interferir; negligenciar; deixar ir, deixar de lado uma
dívida; desistir; não guardar mais; partir; deixar alguém a fim de ir para
outro lugar; desertar sem razão; partir deixando algo para trás; deixar
destituído”.
As expressões acima refletem não apenas uma perda
que possa ser denominada como acidental, mas um ato relapso de abandono, de
descaso. O Senhor Jesus também não está protestando àquela Igreja por não o
amarem mais. Não se tratava de ausência completa de amor, ainda havia amor.
Porém, era um nível de amor que já não era mais intenso, não era o amor total
que temos o dever de lhe oferecer.
PORQUE PERDEMOS O PRIMEIRO AMOR
O primeiro amor é como um fogo, se você põe lenha
ele se inflama mais, contudo, se você joga água ele se apaga… falhamos em não
alimentar o fogo, mas também em permitir que outras coisas o apaguem.
Várias coisas contribuem para que nosso amor pelo
Senhor sofra a perda de intensidade. Mas há três, especificamente, as quais
quero dar atenção aqui. Se queremos nos prevenir e evitar esta queda, ou se
queremos restauração depois de termos caído, precisamos entender estes aspectos
e como eles nos afetam:
1) O convívio
com o pecado;
2) A falta de profundidade;
3) A falta de tratamento.
O convívio com o pecado tem o poder de esfriar
nosso amor por Deus:
“E,
por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará”. (Mateus 24:12)
Quando falo do
convívio com o pecado, em vez do pecado em si, pretendo estabelecer uma
diferença importantíssima aqui. É mais do que óbvio que quem vive no pecado
está distante de Deus. O primeiro amor é chamado de pecado, mas não é
ocasionado necessariamente por outro pecado na vida da pessoa. É uma perda
espiritual num momento em que talvez a pessoa acredite que de fato tudo vai
bem.
Creio que no texto acima Jesus se refere aos pecados da sociedade em que
vivemos. Por se multiplicar o pecado à nossa volta (não necessariamente em
nossa vida), passamos a conviver com algumas coisas que, ainda que não as
pratiquemos, começamos a tolerar.
Precisamos ter o cuidado de não nos acostumarmos
com o pecado à nossa volta. Muitas vezes os enredos dos filmes que nos
proporcionam entretenimento nos fazem acostumar com certos valores contrários
aos que pregamos. Acabamos aceitando violência, imoralidade e muitos outros
valores mundanos. Mesmo que não cedendo a estes pecados, se não mantivermos um
coração que aborreça o mal, nos acostumaremos a estes valores errados à ponto
de nosso amor se esfriar. Precisamos agir como Ló, que se afligia pelas iniquidades
cometidas à sua volta:
“E, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra,
ordenou-as à ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos venham a
viver impiamente; e livrou o justo Ló, afligido pelo procedimento libertino
daqueles insubordinados (porque este justo, pelo que via e ouvia quando
habitava entre eles, atormentava a sua alma justa, cada dia, por causa das
obras iníquas daqueles), é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos
e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo”. (2ª Pedro 02:06-09)
Um segundo fator que contribui para o esfriamento
de nosso amor para com o Senhor é nossa falta de profundidade na vida cristã.
Jesus fez menção, na parábola do semeador, da semente que caiu em solo
pedregoso; é aquela planta que brota depressa, mas não desenvolve profundidade.
Porque a raiz não consegue penetrar fundo no solo (pois se depara logo com a
pedra), se torna superficial, se desenvolve na superfície. O resultado é que,
saindo o Sol (figura do calor das provações), esta planta morre logo.
“A
que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria;
estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se
desviam”. (Lucas 08:13)
O segredo de não nos afastarmos do Senhor nem
perdemos a alegria inicial é desenvolver profundidade. Muitos cristãos vivem só
dos cultos semanais. Não investem tempo num relacionamento diário, não oram,
não se enchem da Palavra, não procuram mortificar sua carne e viver no
Espírito, não se engajam no trabalho do Pai. São cristãos sem profundidade,
vivem só na superfície! A questão de profundidade nas coisas espirituais é
aplicada não só à caminhada cristã. Na carta à Igreja de Tiatira, no
Apocalipse, o Senhor Jesus elogiou aqueles que não conheceram as profundezas de
Satanás:
“Mas
eu vos digo a vós e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm
esta doutrina e não conheceram como dizem, as profundezas de Satanás, que outra
carga vos não porei. Mas o que tendes, retende-o até que eu venha”. (Apocalipse 02:24,25 –
ARC)
O mesmo princípio de profundidade se aplica ao
reino de Deus e das trevas. Nós que conhecemos a verdade não podemos nos
relacionar superficialmente com ela. Se desenvolvermos raízes profundas em Deus
não fracassaremos na fé.
O terceiro fator que contribui para o esfriamento
de nosso amor ao Senhor é a falta de tratamento em algumas áreas de nossas
vidas. Vimos que um dos exemplos de crescimento abortado que Jesus revela na
parábola do semeador é a falta de raiz, de profundidade. Mas outro exemplo que
o Senhor nos dá nesta ilustração é o da semente que caiu entre espinhos:
“Outra
caiu no meio dos espinhos; e estes, ao crescerem com ela, a sufocaram”. (Lucas 08:07)
Note que os espinhos não pareciam ser tão
comprometedores a princípio, pois eram pequenos. Mas porque não foram
arrancados, eles cresceram.
“A
que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram
sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não
chegam a amadurecer”. (Lucas 08:14)
Aquelas áreas que não são tratadas em nossas vidas
podem não parecer tão nocivas hoje, mas serão justamente estas áreas que
poderão nos sufocar na fé e no amor ao Senhor depois. A queda não é um
acidente, nem um ato instantâneo ou imediato. É um PROCESSO que envolve
repetidas negligências de nossa parte; e são estas mesmas “inocentes”
negligências que nos vencerão depois. Por isso, devemos dar mais atenção às áreas
que precisam ser trabalhadas em nossas vidas.
Este é um caminho para proteger nosso amor ao
Senhor. O cuidado nestas três áreas nos será útil para evitar a perda (ou
depreciação) do primeiro amor. Contudo, muitos de nós já o temos perdido. E,
mesmo que o reconhecimento das causas nos ajude a sermos preventivos daqui em
diante, temos que fazer algo agora em relação à perda que já sofremos.
Portanto, quero compartilhar o que tenho entendido nas Escrituras ser o caminho
de volta…
O CAMINHO DE VOLTA
Foi o próprio Senhor Jesus que propôs o caminho de
restauração:
“Lembra-te,
pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se
não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te
arrependas”. (Apocalipse 02:05)
Cristo falou de três passos práticos que devemos
dar a fim de voltarmos ao primeiro amor:
1)“Lembra-te”;
2)“Arrepende-te”;
3) “Volta à prática das primeiras obras”.
O primeiro passo é um ato de recordação, de
lembrança do tempo anterior à perda do primeiro amor. Não há melhor maneira de
retomá-lo do que esta… relembrar os primeiros momentos de fé, de experiência
com Deus. O profeta Jeremias declarou:
“Quero
trazer à memória o que me pode dar esperança”. (Lamentações de Jeremias 03:21)
Algumas lembranças tem o poder de produzir em nós
um caminho de restauração. Muitas vezes não nos damos conta daquilo que temos
perdido. E uma boa forma de dimensionar nossas perdas é contrastar aquilo que
estamos vivendo hoje com aquilo que já experimentamos antes em Deus.
Recordo-me de uma ocasião em que fui visitar meus
pais e entrei no quarto que, quando solteiro, dividi com meus irmãos. O simples
de fato de entrar naquele ambiente trouxe à minha memória inúmeras lembranças.
Revivi em minha mente meus momentos de oração e intimidade com Deus passados
ali. Recordei, emocionado, as horas que, diariamente, passava ali trancado em
oração, e era pequeno não havia me convertido ao Deus verdadeiro.
Sem que ninguém (nem mesmo Deus) me falasse nada,
percebi que minha vida de oração já não era como antes. Estas lembranças
propulsionaram naquela época, uma retomada da dedicação à oração, e mesmo hoje,
quando me recordo daqueles momentos poderosos de visitação de Deus que vivi
naquele quarto, sinto-me motivado a resgatar o que deixei de lado, porque
realmente estava ali orando para Deus, e Ele tinha um grande propósito em minha
vida.
Mas a lembrança em si do que eu havia provado ali
não produziu mudança alguma. Apenas trouxe um misto de saudade com tristeza,
bem como arrependimento por ter deixado de lado algo tão importante.
E esta é a segunda atitude que Jesus pediu aos
irmãos de Éfeso: “arrepende-te”. Não basta ter saudade de como as coisas eram
antes, é preciso sentir dor por ter perdido o primeiro amor; lamentar, chorar e
clamar o perdão de Deus e reconhecer que isto é mais do que desânimo, ou
qualquer outra crise emocional. É um pecado de desamor, de desinteresse para
com Deus.
À semelhança dos profetas do Velho Testamento,
Tiago definiu como devemos nos posicionar em arrependimento diante do Senhor.
Deve haver choro, lamento e humilhação:
“Chegai-vos
a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que
sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai.
Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza.
Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” (Tiago 04:08-10)
Humilhar-se perante o Senhor é o caminho para a
exaltação (restauração) diante d´Ele. Se você reconhece que tem abandonado seu
primeiro amor separe depressa um tempo para orar e chorar em arrependimento
perante o Senhor e buscar renovação.
Sei que
recordar e chorar o passado também não é a cura em si, mas ajuda a alcança-la.
São estágios de preparação, por assim dizer. Mas o conselho proposto pelo
Senhor tem um terceiro passo prático: “volta à prática das primeiras obras”.
Portanto, não basta apenas reviver lembranças e chorar, temos que voltar a
fazer aquilo que abandonamos.
Estas primeiras obras não são o primeiro amor em
si, mas estão atreladas à ele. Ou são uma forma de expressá-lo, ou de
alimentá-lo, ou ambas as coisas. Elas tem a ver com a forma como O buscávamos e
também a maneira como O serviámos. Note que Jesus não protestou dizendo que os efésios
não o amavam mais, e sim que já não amavam como o faziam antes. Precisamos mais
do que reconhecer nossa perda, precisamos voltar a agir como no início da
caminhada com Cristo.
É tempo de resgatar nosso amor ao Senhor e dar-lhe
nada menos que amor total. Que o Senhor nos dê graça para viver intensamente a
obediência ao maior mandamento!
Pense nisso!
A graça do Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo,
E o amor de Deus,
E as doces comunhão e consolações do
Espírito Santo,
Sejam com todos vós,
E
com todo povo de Deus espalhados sobre a face da terra,
Desde agora e para todo Sempre,
Amém.
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